jOÃO 15

JESUS a Videira Verdadeira

O PAI o agricultor

Evangelho de João 15: 1-11

Relacionamentos e Responsabilidades

Jesus a Videira Verdadeira

Esta é a sétima e última declaração de “EU SOU” feita por Cristo conforme o registro do Evangelho de João. Porém, Jesus não
se ateve a essa imagem, prosseguindo com a figura do “amigo”.
Esses dois retratos dos cristãos – como ramos e amigos – revelam tanto nossos privilégios quanto nossas responsabilidades.
Como ramos, temos o privilégio de compartilhar a vida de Jesus e a responsabilidade de permanecer nele. Como amigos, temos
o privilégio de conhecer sua vontade e a responsabilidade de obedecer.

Os ramos- João 15:1-17

¹ Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.

² Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.

³ Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.

⁴ Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.

⁵ Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

⁶ Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.

⁷ Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.

⁸ Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.

⁹ Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.

¹⁰ Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.

 

¹¹ Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.

O cultivo dos vinhedos era uma atividade importante para a vida e a economia de Israel. O templo de Herodes era decorado com uma videira de ouro. Ao usar essa metáfora, Jesus recorreu a uma imagem que todos os judeus conheciam bem. Essa representação simbólica apresenta quatro elementos que é preciso compreender, a fim tirar proveito dos ensinamentos de Cristo nesta passagem.
A videira. Há três tipos de videira nas Escrituras. 

  1. A videira do passado refere-se a Israel como nação (ver SI 80:8, 19; Is 5:1-7; Jr 2:21; Ez 19:10-14 e Os 10:1). Num ato de sua graça maravilhosa, Deus “transplantou” Israel para Canaã e deu à nação todos os benefícios imagináveis. “Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito?”, perguntou Deus (Is 5:4). Se há uma nação que teve tudo para ser bem sucedida é Israel. Mas a videira produziu uvas bravas! Ao invés de praticar justiça, praticou a opressão; ao invés de produzir retidão, produziu iniqüidade e clamores de aflição de suas vítimas. Deus teve de tratar com a nação de Israel castigando-a, mas nem sua disciplina teve resultados duradouros. Quando o próprio Filho de Deus veio cuidar da vinha, foi expulso e morto (Mt 21:33-46). 
  2. Também há uma videira do futuro, a “videira da terra”, em Apocalipse 14:14-20. Refere-se ao sistema do mundo gentio,  amadurecendo para o julgamento de Deus. Os cristãos são ramos da “videira do céu”, mas os incrédulos são ramos da “videira da terra”. Os não salvos dependem do mundo para receber sustento e encontrar satisfação, enquanto os cristãos dependem de Jesus Cristo. A “videira da terra” será cortada e destruída quando Jesus Cristo voltar. 
  3. A videira do presente é nosso Senhor Jesus Cristo, e inclui, obviamente, seus ramos. Ele é a “Videira Verdadeira”, ou seja,” a original, da qual todas as outras videiras são cópias”. Como cristãos, não vivemos de substitutos! O simbolismo da videira e dos ramos é semelhante àquele da Cabeça e do corpo; temos um relacionamento vivo com Cristo e pertencemos a ele.

Quando morávamos em Chicago, tínhamos uma pequena videira no quintal de casa, mas não era nada parecida com aquelas
cultivadas até hoje na Terra Santa. Nossa videira era uma planta extremamente frágil, e os ramos se quebravam com facilidade. As vinhas que encontramos na Terra Santa são grandes e fortes, e é praticamente impossível quebrar um dos ramos maduros sem danificar a própria vinha. Nossa união com Cristo é uma união viva, por isso podemos dar frutos; é uma união afetuosa, por isso podemos desfrutar nosso relacionamento com ele; é, também, uma união duradoura, por isso não precisamos temer.
Os ramos. Sozinho, um ramo é frágil e imprestável, servindo apenas para ser queimado (ver Ez 15). O ramo não é capaz de
gerar a própria vida; antes, deve retirá-la da videira. É nossa comunhão com Cristo, por meio do Espírito, que nos permite dar frutos. 
Muitas imagens de Cristo e dos cristãos apresentadas nas Escrituras enfatizam esse conceito importante de união e comunhão:

  • O corpo e seus membros (1 Co 12);
  • A noiva e o Noivo (Ef 5:25-33); 
  • As ovelhas e o Pastor (Jo 10). 

Um membro que é separado do corpo morre. O casamento cria uma união, mas exige amor e devoção diários para manter a comunhão. O pastor traz as ovelhas para o rebanho, mas as ovelhas devem seguir o pastor, a fim de receber proteção e provisão. 

Quanto antes descobrirmos que somos apenas ramos, melhor será nosso relacionamento com o Senhor, pois veremos nossas fraquezas e confessaremos que necessitamos de sua força. A palavra-chave é permanecer, usada onze vezes em João 15:1-11 (“esteja” em Jo 15:11). “Permanecer” significa manter a comunhão com Cristo de modo que trabalhe em nossa vida e por meio dela, a fim de produzir frutos. Sem dúvida, inclui a Palavra de Deus e a confissão dos pecados, a fim de que nada sirva de empecilho para essa comunhão com o Senhor (Jo 15:3). Também inclui a obediência a ele porque o amamos (Jo 15:9, 10). 
Como saber se “permanecemos em Cristo”? Sentimos alguma coisa especial? Não, mas há evidências específicas que se mostram de maneira clara e inconfundível. 

  1. Quando permanecemos em Cristo, produzimos frutos (Jo 15:2). Discutiremos mais adiante o que são esses frutos.
  2. Sentimos o Pai nos “podando” para que possamos dar mais frutos (Jo 15:2). O cristão que permanece em Cristo recebe respostas para suas orações (Jo 15:7) e experimenta um amor cada vez mais profundo por Cristo e por outros cristãos (Jo 15:9, 12, 13). Também experimenta alegria (Jo 15:11).

Essa relação de permanência é natural para os ramos e para a vinha, mas deve ser cultivada na vida cristã, pois não se desenvolve automaticamente. Permanecer em Cristo exige adoração, meditação na Palavra de Deus, oração, sacrifício e serviço -, mas é uma grande alegria! Uma vez que começamos a cultivar essa comunhão mais profunda com Deus, não temos desejo algum de voltar à vida superficial do cristão indiferente.
O agricultor. A responsabilidade do viticultor é cuidar das videiras, e, de acordo com Jesus, esse é o trabalho do Pai. É ele quem “limpa” ou poda os ramos para que possam produzir mais frutos. Observe a progressão: nenhum fruto (Jo 15:2), fruto, mais fruto, muito fruto (Jo 15:5, 8). Muitos cristãos pedem a Deus que possam dar mais frutos, mas não gostam do processo necessário de poda pelo qual devem passar em resposta a essa oração!
O viticultor poda os ramos de duas maneiras: corta a madeira morta que pode servir para a proliferação de doenças e de insetos e remove partes ainda vivas, para que a vitalidade da planta não se dissipe, comprometendo a qualidade dos frutos. Na verdade, o viticultor remove cachos inteiros de uvas para que o resto da colheita seja de qualidade superior. Deus quer quantidade e qualidade. 

O processo de poda é a parte mais importante do cultivo, e os que cuidam disso devem ser devidamente treinados, pois se não forem habilidosos, podem destruir uma colheita inteira. Em alguns vinhedos, os “podadores” passam por treinamentos que duram de dois a três anos, durante os quais aprendem exatamente onde cortar, quando cortar e até o ângulo exato dos cortes. 
O maior julgamento que Deus pode trazer sobre um cristão é deixá-lo por conta própria, permitindo que faça as coisas a seu modo. Pelo fato de nos amar, Deus nos “poda” e nos estimula a dar mais frutos para sua glória. Se os ramos pudessem falar, confessariam que o processo de poda é doloroso, mas também expressariam sua alegria por produzir com mais abundância e qualidade.

O momento em que nosso Pai celeste mais se aproxima de nós é quando está nos podando. Por vezes, remove madeira morta que pode causar problemas; mas, com freqüência, corta fora partes ainda vivas que estão nos privando de vigor espiritual. A poda não é apenas uma cirurgia espiritual que remove elementos nocivos. Também pode ser a remoção de coisas boas para que possamos desfrutar o que há de melhor. Sem dúvida, essa poda é dolorosa, mas também proveitosa. Talvez não gostemos dela, mas certamente é necessária.

De que maneira o Pai nos poda? Por vezes, simplesmente usa a Palavra para nos convencer de nosso pecado e nos purificar
(o termo traduzido por “limpar”, em João 15:2, é o mesmo empregado em João 13:10; ver Ef 5:26, 27). Em outras ocasiões, precisa nos disciplinar (Hb 12:1-11). A dor é grande quando remove algo que consideramos precioso; mas à medida que a “colheita espiritual” é produzida, vemos que o Pai sabia o que estava fazendo.
Quanto mais permanecemos em Cristo, mais frutos produzimos, e quanto mais frutos produzimos, mais o Pai nos poda para
que a qualidade mantenha-se no mesmo nível que a quantidade. Se o ramo não receber cuidados, produzirá vários cachos, mas serão de qualidade inferior. Deus é glorificado não apenas por uma colheita mais abundante, mas também por uma colheita excelente.
Os frutos. A palavra resultados aparece com freqüência nas conversas entre obreiros cristãos, mas na verdade não se trata de um conceito bíblico. Uma máquina ou um robô pode dar resultados, mas é preciso haver um organismo vivo para produzir frutos. Essa produção exige tempo e cultivo; uma boa colheita não aparece de um dia para o outro. É preciso lembrar que os frutos não são consumidos pelos ramos, mas sim aproveitados por outros. Não se deve produzir frutos para agradar a si mesmos, mas para servir aos outros. Devemos ser o tipo de pessoa que “alimenta” os semelhantes com nossas palavras e com nossas obras. “Os lábios do justo apascentam a muitos” (Pv 10:21).
A Bíblia fala de vários tipos de frutos espirituais. 

  • Damos frutos quando levamos outras pessoas a Cristo (Rm 1:13); 
  • Quando somos parte da colheita (Jo 4:35-38); 
  • Ao crescer em santidade e em obediência (Rm 6:22). 

Paulo considera as ofertas dos cristãos frutos de uma vida consagrada (Rm 15:28). “O fruto do Espírito” (Gl 5:22, 23) é o caráter cristão, que glorifica a Deus e mostra a realidade de Cristo a outros. Até mesmo nossas boas obras e nosso serviço nascem dessa vida de permanência em Cristo (Cl 1:10). O louvor que vem do coração e dos lábios também é fruto para a glória de Deus (Hb 13:15).

Muitas dessas coisas podem ser falsificadas pela carne; porém, mais cedo ou mais tarde, as falsificações são descobertas,
pois o verdadeiro fruto espiritual traz dentro de si sementes para mais frutos. As imitações de frutos criadas pelo ser  humano são mortas e incapazes de se reproduzir, mas os frutos produzidos pelo Espírito se reproduzem sucessivamente. Haverá frutos, mais frutos e muitos frutos. Um verdadeiro ramo ligado à vinha sempre dará frutos. Nem todos os ramos darão “supersafras”, assim como nem todo campo produz, continuamente, colheitas extraordinárias (Mt 13:8, 23). Onde há vida sempre há frutos. 

Se o ramo não tem frutos, torna-se imprestável, portanto é lançado fora e queimado. NÃO creio que, nesta passagem, Jesus esteja ensinando que os verdadeiros cristãos podem perder a salvação, pois isso entraria em contradição com seus  ensinamentos em João 6:37 e 10:27-30. Não é prudente desenvolver uma doutrina teológica com base numa parábola ou alegoria. Jesus estava ensinando uma verdade central – a vida produtiva do cristão – e não devemos tentar extrair muitas outras verdades dos detalhes. Assim como um ramo sem frutos não tem proveito, também um cristão sem frutos não contribui para a vinha, e ambos devem ser tratados. E triste quando um cristão outrora cheio de frutos abandona a fé e perde os privilégios da comunhão e do serviço. E bem mais provável que João 1 5:6 seja uma descrição da disciplina de Deus, não do destino eterno. “Há [para os cristãos] pecado para morte” (1 Jo 5:16). 

Jesus havia falado sobre a paz (Jo 14:27);  agora, menciona o amor e a alegria (Jo 1 5:9- 11). O amor, a alegria e a paz são os três primeiros “frutos do Espírito” citados em Gálatas 5:22, 23. Nossa permanência em Cristo deve produzir amor, alegria e paz em nosso coração.  Uma vez que o amamos, guardamos JOÃO 15:1-17 seus mandamentos, e quando guardamos seus mandamentos, permanecemos em seu amor e o experimentamos de maneira mais profunda. Em várias ocasiões ao  longo do Evangelho de João, vemos Jesus falando sobre o amor do Pai por ele. Enfatizamos de tal modo o amor de Deus pelo mundo e pela Igreja que nos esquecemos de como o Pai ama o Filho. Pelo fato de o Pai amar o Filho, colocou todas as coisas nas mãos dele (Jo 3:35) e revelou todas as coisas a ele (Jo 5:20). O Pai ama o Filho desde antes da fundação do mundo (Jo 17:24); amou o Filho quando morreu na cruz (Jo 10:17). O mais impressionante é que os cristãos de hoje podem experimentar pessoalmente esse mesmo amor! Jesus orou para que “o amor com que me amaste esteja neles [os discípulos e cristãos de hoje]” (Jo 1 7:26).
Como ramos da Videira, temos o privilégio de permanecer em Cristo e a responsabilidade de dar frutos. Passamos agora para a segunda imagem, a dos amigos.

Aplicações

1. Alegoria da videira: Jesus compara a relação entre Ele e Seus discípulos a uma videira e seus ramos. Ele é a videira verdadeira, e os discípulos são os ramos. A aplicação é que nossa conexão com Jesus é vital para a nossa vida espiritual. Permanecer Nele é essencial para o nosso crescimento espiritual.

2. A poda divina: Jesus menciona que o Pai é o agricultor que poda os ramos que não dão fruto para que produzam mais fruto. Isso nos ensina que Deus deseja que cresçamos espiritualmente e que a poda, embora às vezes dolorosa, é para o nosso benefício. A aplicação é que podemos confiar na soberania de Deus em moldar nossas vidas para sermos mais frutíferos.

3. O fruto do Espírito: Jesus fala sobre a importância de dar fruto e destaca o fruto do Espírito, como amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e autocontrole. A aplicação é que devemos buscar produzir esses frutos em nossas vidas como evidência de nossa conexão com Jesus.

4. O poder da oração: Jesus enfatiza que os discípulos podem pedir o que desejarem, e isso será feito por eles. Isso destaca o poder da oração em nossa jornada espiritual. A aplicação é que devemos orar com fé e confiança, sabendo que Deus ouve nossas petições e responde de acordo com Sua vontade.

5. O mandamento do amor: Jesus reitera Seu mandamento de amar uns aos outros. Ele diz que Seu amor por nós é o modelo desse amor. A aplicação é que devemos amar uns aos outros da mesma maneira como Jesus nos ama, com um amor sacrificial e altruísta.

6. A alegria completa: Jesus declara que Sua alegria permanecerá em nós e que nossa alegria será completa. Isso nos ensina que a verdadeira alegria é encontrada em nossa conexão com Jesus e na obediência aos Seus mandamentos. A aplicação é que podemos experimentar alegria genuína e duradoura quando vivemos de acordo com os princípios do Reino de Deus.

Em resumo, esses versículos nos ensinam sobre a importância de nossa conexão com Jesus, a necessidade de produzir o fruto do Espírito, o poder da oração, o mandamento do amor e a alegria completa encontrada em Cristo. Eles nos desafiam a permanecer em Cristo, buscar a santidade e amar uns aos outros como expressão de nossa fé.

Qual amigo devemos Obedecer- João 15:12-27

¹² O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
¹³ Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
¹⁴ Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
¹⁵ Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.
¹⁶ Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.
¹⁷ Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros.
¹⁸ Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
¹⁹ Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
²⁰ Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.
²¹ Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.
²² Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado.
²³ Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.
²⁴ Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora, viram-nas e me odiaram a mim e a meu Pai.
²⁵ Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa.
²⁶ Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.
²⁷ E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio.

 

Quase todos têm muitos conhecidos, mas poucos amigos, até mesmo nossos amigos podem se mostrar pouco amáveis ou mesmo infiéis. O que dizer de Judas? “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar” (SI 41:9). Até o amigo mais dedicado pode faltar conosco quando mais precisamos dele. Pedro, Tiago e João cochilaram no jardim, quando deveriam estar orando; Pedro negou Jesus três vezes. Nossa amizade com os que nos cercam e com o Senhor são falhas, mas a amizade dele para conosco é perfeita.
Não se deve, porém, interpretar a palavra amigo de maneira limitada, pois o termo grego significa “um amigo na corte”. Descreve
o “círculo mais íntimo” ao redor de um rei ou imperador (em Jo 3:29, refere-se ao “padrinho” de casamento). Os “amigos do
rei” desfrutavam de intimidade com o monarca e conheciam seus segredos, mas também eram seus súditos e deveriam obedecer a suas ordens. Não existe, portanto, conflito algum entre ser amigo e ser servo. A ilustração perfeita desse fato nas Escrituras é Abraão, o “amigo de Deus” (2 Cr 20:7; Is 41:8; Tg 2:23), também um servo de Deus (Gn 26:24). Em Gênesis 18, Jesus e dois anjos visitam Abraão quando a caminho de Sodoma para investigar o pecadoda cidade. Apesar de estar quase com 100 anos de idade, Abraão interrompeu seu descanso do meio-dia, recebeu os visitantes e lhes ofereceu uma bela refeição. Nos quinze primeiros versículos desse capítulo de Gênesis, Abraão está realizando diferentes tarefas e, em duas ocasiões, refere-se a si mesmo como servo (Gn 18:3, 5). E interessante observar que esse homem idoso “correu”, “apressou-se” e incentivou os outros a cumprirem suas tarefas com presteza – um exemplo perfeito de servo. Além disso, não se assentou para comer com os convidados.
Antes, permaneceu em pé ao iado deles, pronto para atender qualquer pedido, como convém a um verdadeiro servo.
Na última metade do capítulo, o ambiente muda e vemos Abraão tranqüilo e parado, em comunhão com o Senhor. Continua sendo um servo, mas nesse instante, também está sendo um amigo. “Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?”, pergunta o Senhor. Como amigo de Deus, Abraão partilhava dos segredos de Deus.
Foi esse tipo de relacionamento que Jesus descreveu quando chamou os discípulos de “amigos”. Sem dúvida, era um relacionamento de amor, tanto por ele quanto uns pelos outros. Os “amigos do rei” não poderiam competir entre si pela atenção de seu soberano nem por benefícios no reino. 

Não faziam parte do “círculo mais íntimo” para se promover, mas para servir ao Rei. Essa imagem deve ter sido uma repreensão
severa para os discípulos, que costumavam discutir entre si sobre qual deles era o maior! 
Como é possível Jesus ordenar que amemos uns aos outros? O verdadeiro amor pode ser imposto dessa forma? Devemos lembrar que o amor cristão não é, em sua essência, um “sentimento”, mas sim um ato da volição.  A prova desse amor não se encontra em nossos sentimentos, mas em nossas ações, a ponto de entregarmos a vida por Cristo e uns pelos outros (1 jo 3:16). Jesus entregou sua vida tanto por seus amigos quanto por seus inimigos! (Rm 5:10). Apesar de as emoções estarem, sem dúvida
alguma, envolvidas no processo, o verdadeiro amor cristão procede da volição. Significa tratar os outros como Deus nos trata.
Assim, nossa amizade em Cristo implica amor e obediência. Mas também envolve conhecimento: ele nos informa de seus planos.
Cristo é nosso Senhor (Jo 13:13, 16), mas não nos trata como servos. Ele nos trata como amigos, se obedecermos a seus mandamentos. Abraão era amigo de Deus, pois obedecia a Deus (Gn 18:19). Se temos amizade com o mundo, nossa relação com Deus será de inimizade (Tg 4:1-4). Apesar de ser um homem salvo, Ló vivia em Sodoma e não foi chamado de amigo de Deus (2 Pe 2:7). Deus revelou a Abraão o que planejava fazer com as cidades da planície e, assim, Abraão pôde interceder por Ló e por seus familiares. 
É interessante observar que, no Evangelho de João, os servos sabiam o que acontecia! Na festa de casamento de Caná, ficaram sabendo da procedência do vinho (Jo 2:9), e os servos do oficial do rei testemunharam a cura do filho dele (Jo 4:51-53).
Um dos maiores privilégios como amigos de Cristo é aprender a conhecer melhor a Deus e participar de seus segredos. Nunca
me esqueço de como meu coração foi tocado com o que Oswald Sanders disse a nossa equipe de obreiros: “Cada um escolhe
a distância entre si e Deus
“. Somos seus amigos e devemos escolher estar próximos do trono, ouvindo sua Palavra, desfrutando
sua intimidade e obedecendo a suas ordens.
Certo dia, quando era fugitivo, Davi estava próximo de Belém, sua cidade natal, e quis um gole de água do poço que ficava próximo da porta da cidade. Três de seus homens valentes estavam perto o suficiente de Davi para ouvi-lo suspirar por aquela água e arriscaram a vida para atender o desejo do rei (2 Sm 23:1 5-1 7). E isso o que significa ser amigo do rei.
Em João 15:16, Jesus lembra os discípulos de que sua posição privilegiada havia sido concedida pela graça. Jesus escolhera seus discípulos e não o contrário. Ele os escolheu do mundo (Jo 15:19) e os designou para fazer sua vontade. Vemos, outra vez, a palavra-chave frutos. Como ramos, compartilhamos da vida de Cristo e damos frutos; como amigos, compartilhamos seu amor e damos frutos. Como ramos, somos podados pelo Pai; como amigos, somos instruídos pelo Filho, e sua Palavra controla nossa vida.
O termo designar significa simplesmente “determinar” e se refere ao ato de separar alguém para um serviço específico. Pela graça de Deus, fomos escolhidos e separados pelo Senhor, a fim de proclamar o evangelho no mundo e de dar frutos. Ele nos enviou ao mundo (Jo 17:18) como embaixadores pessoais, a fim de falar a outros do Rei e de sua grande salvação. Quando testemunhamos a outros e os levamos a Cristo, estamos dando frutos para a glória de Deus.
Como mencionamos anteriormente, os sinais da verdadeira filiação, do discipulado (Jo 1 5:8) e da amizade (Jo 1 5:1 5) são os frutos.
Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7:20). Os frutos verdadeiros permanecem; os que são forjados pelo homem,
mais cedo ou mais tarde, desaparecem. Os frutos contêm sementes para produzir mais frutos, mantendo, portanto, um processo contínuo. O que é nascido do Espírito de Deus traz, em si, a marca da eternidade e permanece.
Nesta passagem, Jesus volta a tratar do privilégio da oração. Os amigos do rei certamente conversavam com seu soberano e
lhe contavam suas dificuldades e necessidades. No tempo das monarquias, era considerado uma honra extremamente especial
ser convidado a falar ao rei ou à rainha; no entanto, os amigos de Jesus Cristo podem falar com ele a qualquer momento. Para eles, o trono da graça é sempre acessível. João 15:15, 16 resume o que significa ser amigo do Rei dos reis. É uma experiência
que conduz à humildade, pois foi ele quem nos escolheu, não o contrário. É bom sempre lembrar esse fato para que não nos  
tornemos orgulhosos e arrogantes. Isso significa que precisamos manter os ouvidos abertos para o que ele nos diz. “Ouviste o
secreto conselho de Deus?
” (Jó 15:8). “A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (SI 25:14). Devemos permanecer atentos e de prontidão. Mas o propósito de tudo isso é que lhe obedeçamos e que realizemos sua obra. O Rei tem certas tarefas que precisam ser levadas a cabo; se o amarmos, obedeceremos a suas ordens. Vamos nos esforçar para dar frutos que lhe agradem e que glorifiquem o Pai. Agradar ao Senhor deve ser nossa grande alegria.
Jesus encerra essa parte de sua mensagem lembrando seus discípulos (e nós) do mandamento supremo: amar uns aos outros.
O Novo Testamento tem várias declarações com “uns aos outros”, mas todas elas podem ser resumidas em “amar uns aos outros”. Jesus já havia dado esse mandamento aos onze apóstolos (Jo 13:34, 35) e o repetiu mais duas vezes (Jo 15:12, 17). Essa afirmação ou alguma variação aparece inúmeras vezes ao longo das epístolas do Novo Testamento, especialmente na Primeira Epístola de João. Os amigos do Rei devem não apenas amar seu soberano, mas também amar uns aos outros. O coração do Rei se enche de alegria ao ver seus amigos amando uns aos outros e trabalhando juntos para obedecer a suas ordens. Este estudo começou na vinha e terminou na sala do trono! O próximo estudo nos levará ao campo de batalha, onde sentiremos o ódio do mundo perdido. Quem não permanece como ramo nem obedece como amigo jamais será capaz de enfrentar a oposição do mundo. Quem não ama ao semelhante, como espera ter algum amor pelas pessoas perdidas do mundo? Quem não marchar com os irmãos como amigo do Rei, jamais formará uma frente unida contra o adversário. “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
Não ficamos simplesmente em desvantagem ou numa situação difícil. Ficamos absolutamente paralisados. Não somos capazes
de fazer coisa alguma! Mas quem permanece em Cristo e fica perto do trono é capaz de fazer qualquer coisa que o Rei ordenar!
Que grande privilégio – e que grande responsabilidade!

Aplicações

Os versículos de João 15:12-27 contêm ensinamentos significativos de Jesus sobre o amor, a relação com o Espírito Santo e a perseguição dos seguidores de Cristo. Aqui estão algumas aplicações e lições que podemos aprender com esses versículos:

1. O mandamento do amor: Jesus reforça o mandamento de amar uns aos outros, como Ele nos amou. Isso destaca a centralidade do amor na vida dos discípulos e a identificação deles como Seus seguidores. A aplicação é que devemos viver em amor, buscando relacionamentos marcados pela generosidade, compaixão e serviço mútuo.

2. Amizade com Jesus: Jesus chama os discípulos de amigos, indicando uma relação íntima e pessoal com Ele. Isso nos ensina que, como cristãos, não servimos a um mestre distante, mas a um amigo que compartilha conosco Sua vontade e propósito. A aplicação é que podemos confiar em Jesus, buscar Sua orientação e compartilhar nossa vida com Ele.

3. O papel do Espírito Santo: Jesus promete enviar o Consolador, o Espírito da verdade, para estar com os discípulos. O Espírito Santo ensinará, lembrará e testemunhará a verdade sobre Jesus. A aplicação é que o Espírito Santo é um guia essencial em nossas vidas, capacitando-nos a compreender a verdade espiritual e a permanecer firmes na fé.

4. A expectativa de perseguição: Jesus alerta os discípulos de que o mundo os odiará por causa d’Ele, mas isso é uma parte natural de seguir a Cristo. Isso nos ensina que a fé em Jesus muitas vezes enfrenta oposição e perseguição. A aplicação é que devemos estar preparados para enfrentar desafios por causa de nossa fé e continuar a ser fiéis a Cristo.

5. O testemunho dos discípulos: Jesus encoraja os discípulos a testemunharem sobre Ele e Sua obra no mundo. Isso nos lembra que nossa missão é compartilhar o evangelho e dar testemunho de Cristo aos outros. A aplicação é que devemos ser corajosos em compartilhar nossa fé e mostrar o amor de Jesus a todos.

6. A promessa de ajuda divina: Jesus assegura que o Espírito Santo testemunhará de Seu nome, e os discípulos não estarão sozinhos. Isso nos ensina que Deus está conosco em nossa jornada de fé, fortalecendo-nos e capacitando-nos a cumprir Sua vontade.

Em resumo, esses versículos nos ensinam sobre o amor mútuo, a amizade com Jesus, o papel do Espírito Santo, a expectativa de perseguição, o testemunho dos discípulos e a promessa de ajuda divina. Eles nos desafiam a viver em amor, a confiar no Espírito Santo, a enfrentar a perseguição com coragem e a testemunhar de Jesus ao mundo.

Jesus a Videira Verdadeira

João 15 – Relacionamentos e Responsabilidades

Neste trecho do Evangelho de João, Jesus está se aproximando de Sua crucificação e está dando instruções finais e consolo aos Seus discípulos: Pedro promete lealdade: Pedro expressa seu desejo de seguir Jesus até a…

João 13 e 14 – Vocês já conhecem o Pai?

Neste trecho do Evangelho de João, Jesus está se aproximando de Sua crucificação e está dando instruções finais e consolo aos Seus discípulos: Pedro promete lealdade: Pedro expressa seu desejo de seguir Jesus até a…
Jesus lava os pés dos discípulos

Capítulo João 13 – A despedida de Jesus

O Capítulo 13, nos desafia a praticar a humildade no serviço, aceitar o serviço de Cristo, seguir Seu exemplo, buscar purificação espiritual contínua e reconhecer Sua autoridade em nossas vidas. Também nos lembra da importância…

Capítulo João 12 – Entrada Triunfal

A Unção de Jesus por Maria e a Entrada Triunfal em Jerusalém. (1) os visitantes de fora da Judéia (Jo 12:12, 18); (2) a população local que havia testemunhado a ressurreição de Lázaro (Jo 12:17);…
Marta, Maria e Lázaro

Marta, Maria e Lázaro

Essas diferenças entre Marta e Maria também nos ensinam que a fé e a devoção podem se manifestar de várias maneiras. Algumas pessoas são naturalmente mais ativas e servem a Deus de maneira prática, enquanto…
Rescurreição de Lázaro

Capítulo 11 – O último Milagre – O último Inimigo

Jesus realiza um dos Seus milagres mais impressionantes, ressuscitando Lázaro dos mortos. Isso demonstra Seu poder sobre a morte e reforça Sua divindade. O capítulo também revela a crescente oposição dos líderes religiosos a Jesus…
A cura do cego de nascença

Capítulo 9 – Evangelho de João

Rerelata o milagre da cura de um homem cego de nascença por Jesus. Este capítulo enfatiza a capacidade de Jesus de trazer luz espiritual para aqueles que O reconhecem como o Messias, contrastando com a…

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