João 12 - Entrada Triunfal

JESUS com seus amigos em Betânia

JESUS é adorado judeus, enquanto os líderes tramam a sua morte

Resumo

  1. A Unção de Jesus por Maria (Versículos 1-8): Maria unge os pés de Jesus com um perfume caro em Betânia.
  2. A Reação de Judas Iscariotes (Versículos 4-6): Judas critica o ato de Maria, alegando que o perfume poderia ter sido vendido para ajudar os pobres.
  3. A Entrada Triunfal em Jerusalém (Versículos 12-19): Jesus entra em Jerusalém montado em um jumento, cumprindo profecias messiânicas.
  4. A Reação da Multidão (Versículos 12-19): As pessoas aclamam Jesus como o Messias, agitando ramos de palmeira.
  5. A Predição da Morte de Jesus (Versículos 23-33): Jesus fala sobre Sua morte iminente e a necessidade de Sua crucificação.
  6. A Voz do Pai dos Céus (Versículos 28-30): Uma voz dos céus fala durante um momento de ensinamento de Jesus.
  7. A Promessa de Jesus de Atrair Todos a Si (Versículos 32-33): Jesus fala sobre Sua morte como meio de atrair todas as pessoas a Si.
  8. A Persistência dos Fariseus (Versículos 37-43): Os fariseus continuam a resistir à mensagem de Jesus.
  9. A Luz e as Trevas (Versículos 35-36): Jesus fala sobre a importância de seguir a luz e não andar em trevas espirituais.
  10. O Julgamento do Mundo (Versículos 31-36): Jesus fala sobre a vinda do julgamento e a vitória sobre o príncipe deste mundo.
  11. A Recusa de Algumas Autoridades (Versículos 42-43): Mesmo com os sinais de Jesus, algumas autoridades religiosas não acreditam Nele.
  12. A Conclusão do Capítulo 12 (Versículos 44-50): Jesus se esconde das multidões, antecipando Sua hora de enfrentar a cruz.

Este capítulo registra a segunda maior crise do ministério de Jesus de acordo com a visão do apóstolo João. A primeira grande crise ocorreu quando muitos de seus discípulos desistiram de andar com ele (Jo 6:66), apesar de ele ser “o caminho” (Jo 14:6). Aqui, João mostra que muitos outros se recusaram a crer no Messias (Jo 12:37ss), apesar de ele ser “a verdade”. A terceira crise se dá em João 19, em que Jesus é crucificado a pedido dos líderes religiosos, apesar de ser “a vida”.

João começou seu livro dizendo que Jesus “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:11). Nos doze primeiros capítulos, o apóstolo  presentou uma sucessão de depoimentos e de evidências para nos convencer de que Jesus é, verdadeiramente, o Cristo, o Filho de Deus. 

Todas essa evidências foram testemunhadas em primeira mão pelos líderes de Israel que, no entanto, rejeitaram seu Messias. Uma vez que havia sido desprezado pela própria nação, Jesus retirou-se com seus discípulos (“os seus”, Jo 13:1), aos quais amava profundamente. 

Em João 12, vemos Jesus Cristo relacionando-se com quatro grupos distintos de pessoas e, ao estudar essa seção, encontramos algumas lições para nossa vida.

Jesus em Betânia com seus amigos - João 12:1-11

Jesus é ungido por Maria

¹ Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi ao povoado de Betânia, onde morava Lázaro, a quem ele tinha ressuscitado.
² Prepararam ali um jantar para Jesus. Marta ajudava a servir, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.
³ Então Maria pegou um frasco cheio de um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela derramou o perfume nos pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e toda a casa ficou perfumada.
⁴ Mas Judas Iscariotes, o discípulo que ia trair Jesus, disse:
⁵ — Este perfume vale mais de trezentas moedas de prata . Por que não foi vendido, e o dinheiro, dado aos pobres?
⁶ Judas disse isso, não porque tivesse pena dos pobres, mas porque era ladrão. Ele tomava conta da bolsa de dinheiro e costumava tirar do que punham nela.
⁷ Então Jesus respondeu:
  — Deixe Maria em paz! Que ela guarde isso para o dia do meu sepultamento.
⁸ Os pobres estarão sempre com vocês, mas eu não estarei sempre com vocês 

Jesus sabia que os líderes judeus haviam decidido prendê-lo e matá-lo (Jo 11:53, 57), mas ainda assim voltou para Betânia, localizada a pouco mais de 3 quilômetros da fortaleza de seus inimigos. Fez isso para que pudesse passar algum tempo sossegado com seus amigos queridos, Lázaro, Marta e Maria.

Como sempre, Marta ocupou-se em servir a todos, enquanto Maria ficou aos pés de Jesus em adoração (ver Lc 10:38-42).

A unção de Jesus realizada por Maria também aparece em Mateus 26:6-13 e em Marcos 14:3-9. Porém, não deve ser confundida como o relato em Lucas 7:36-50, no qual uma pecadora arrependida ungiu os pés de Jesus na casa de Simão, o fariseu. Maria era uma mulher virtuosa e ungiu os pés de Jesus na casa de Simão, um leproso que havia sido curado (Mc 14:3). Lucas 7 relata um episódio ocorrido na Galiléia, enquanto neste capítulo vemos um contecimento ocorrido na Judéia. O fato de haver um “Simão” em cada um dos relatos não deve surpreender, pois esse era um nome comum naquela época.

Ao combinar os relatos dos três Evangelhos, vemos que Maria ungiu tanto a cabeça quanto os pés de Jesus. Foi um gesto do mais puro amor, pois ela sabia que o seu Senhor estava prestes a suportar grande sofrimento e a morrer. Pelo fato de se assentar aos pés de Jesus e de ouvi-lo falar, Maria sabia exatamente o que ele faria. É bastante significativo que Maria de Betânia não estivesse com as outras mulheres que foram ao túmulo ungir o corpo de Jesus (Mc 16:1).

Em certo sentido, Maria demonstrava sua devoção a Jesus antes que fosse tarde demais, enquanto o Senhor ainda estava vivo. Seu gesto de amor e de adoração foi público, espontâneo, sacrificial, generoso, pessoal e desembaraçado. Jesus chamou-o de “boa ação” (Mt 26:10; Mc 14:6), elogiando-a e defendendo-a das críticas.

Um assalariado comum precisaria trabalhar um ano para comprar esse tipo de bálsamo. Assim como Davi, Maria recusou-se a dar ao Senhor o que não havia lhe custado coisa alguma (2 Sm 24:24). Seu belo ato de adoração perfumou toda a casa onde estavam ceando, e a bênção desse gesto espalhou-se pelo mundo (Mt 26:13; Mc 14:9). Maria não fazia idéia de que sua demonstração de amor por Cristo naquela noite seria uma bênção para cristãos ao redor do mundo nos séculos vindouros!

Quando se colocou aos pés de Jesus, Maria assumiu a posição de escrava. Quando soltou os cabelos (algo que as mulheres judias não faziam em público), humilhou-se e depositou sua glória aos pés de Jesus (ver 1 Co 11:15). É evidente que seu gesto foi mal interpretado e criticado, mas não é raro isso acontecer quando alguém dá o que tem de melhor ao Senhor.

Foi Judas quem fez a primeira crítica e, infelizmente, os outros apóstolos seguiram seu exemplo. Não sabiam que Judas era um “diabo” (Jo 6:70) e  consideraram admirável sua preocupação com os pobres. Afinal, Judas era o tesoureiro e, especialmente na época da Páscoa, teria o desejo de compartilhar com os menos favorecidos (ver Jo 13:21-30). Até o último instante, os discípulos creram que Judas era um seguidor devoto de seu Mestre.

João 12:4 registra as primeiras palavras de Judas nos quatro Evangelhos. Suas últimas palavras encontram-se em Mateus 27:4. Judas era um ladrão e  costumava roubar da caixa de dinheiro pela qual era responsável. (O termo grego traduzido por “bolsa” referia-se, originalmente, a um estojo no qual eram guardados os bocais de instrumentos de sopro. Mais tarde, o termo passou a ser usado para caixas pequenas, especialmente as usadas para guardar dinheiro. A versão grega do Antigo Testamento usa esse termo em 2 Cr 24:8-10, referindo-se ao cofre do rei Joás.) Sem dúvida, Judas já havia resolvido abandonar Jesus e desejava tirar o máximo de proveito do que considerava ser uma situação precária. Talvez estivesse decepcionado, pois havia esperado que Jesus derrotasse os romanos e instituísse seu reino, fazendo dele seu tesoureiro!

O gesto de Maria foi uma bênção para Jesus e para a própria vida. Também abençoou aquele lar, enchendo-o da fragrância do bálsamo (ver Fp 4:18); hoje, Maria é uma bênção para a Igreja ao redor do mundo. Seu ato de devoção no vilarejo de Betânia continua sendo bênção ao longo dos séculos. Mas não se pode dizer o mesmo de Judas.

Há muitas meninas chamadas “Maria”, mas nenhum pai em são juízo chamaria seu filho de “Judas”. Esse nome aparece no dicionário como um verbete correspondente a “traidor”. Podemos ver Maria e Judas no contraste de Provérbios 10:7 – “A memória do justo é abençoada, mas o nome dos perversoscai em podridão”. “Melhor é a boa fama do que o ungüento precioso” é o que diz Eclesiastes 7:1; e Maria teve ambos. Mateus 26:14 dá a impressão de que, logo depois de ser repreendido por Jesus, Judas foi até os sacerdotes e fez as negociações necessárias para entregar Jesus nas suas mãos. No entanto, é provável que os acontecimentos registrados em Mateus 21 a 25 tenham ocorrido antes. Sem dúvida, a repreensão de Judas por Jesus em Betânia influenciou sua decisão de trair Jesus. Além disso, o fato de Jesus ter anunciado sua morte publicamente outra vez serviu de motivação para Judas escapar enquanto ainda havia tempo. Ao observar esse episódio, vemos algumas pessoas que servem de exemplo para nós. Marta representa o trabalho ao servir a ceia que havia preparado para o Senhor. Seu serviço foi uma oferta de fragrância tão agradável quanto o bálsamo de Maria (ver Hb 13:16). 

Aplicações

1. Generosidade e Devoção a Deus: Maria demonstra sua generosidade ao usar um perfume caro para ungir os pés de Jesus. Isso nos lembra a importância de sermos generosos em nossa devoção a Deus, oferecendo o nosso melhor em adoração e serviço.

2. Reconhecimento da Divindade de Jesus: A ação de Maria de ungir os pés de Jesus mostra seu reconhecimento da divindade de Cristo. Ela O trata com grande reverência. Da mesma forma, devemos reconhecer e honrar a divindade de Jesus em nossas vidas.

3. Priorização das Coisas Espirituais: Jesus elogia Maria por ter escolhido a melhor parte, que é estar aos pés dEle e ouvir Sua Palavra. Isso nos lembra a importância de priorizar as coisas espirituais em nossa vida, buscando a presença de Jesus e Sua sabedoria por meio da leitura da Bíblia e da oração.

4. Preparação para a Morte de Jesus: Jesus menciona que Maria ungiu Seu corpo de antemão para Sua sepultura. Isso nos lembra que a morte e a ressurreição de Jesus são eventos centrais da fé cristã, e devemos refletir sobre o significado desses eventos em nossa vida espiritual.

5. Reação de Judas Iscariotes: Judas critica o ato de Maria, argumentando que o perfume poderia ter sido vendido para ajudar os pobres. Isso nos lembra a importância de lidar com nossos recursos de maneira sábia e compassiva, cuidando dos necessitados ao nosso redor.

6. O Coração dos Líderes Religiosos: O texto menciona que os principais sacerdotes planejavam matar Lázaro, pois sua ressurreição por Jesus estava atraindo muitas pessoas para a fé. Isso nos mostra como o coração dos líderes religiosos pode estar endurecido em relação a Jesus, mesmo diante de evidências poderosas de Sua divindade.

Essas aplicações nos convidam a refletir sobre como expressamos nossa devoção a Deus, como reconhecemos a divindade de Jesus, como priorizamos as coisas espirituais em nossa vida diária e como lidamos com nossos recursos e relacionamentos em conformidade com os princípios do evangelho.

O plano para MATAR Lázaro - João 12:9-11

⁹ Muitas pessoas ficaram sabendo que Jesus estava em Betânia. Então foram até lá não só por causa dele, mas também para ver Lázaro, o homem que Jesus tinha ressuscitado.
¹⁰ Então os chefes dos sacerdotes resolveram matar Lázaro também;
¹¹ pois, por causa dele, muitos judeus estavam abandonando os seus líderes e crendo em Jesus.

Maria representa a  doração, e LáLázaro representa o testemunho (Jo 11:9-11).

O povo dirigia-se a Betânia só para ver esse homem que havia sido ressuscitado! Como mencionamos anteriormente, o Novo Testamento não registra nenhuma palavra de Lázaro, mas sua vida miraculosa foi um testemunho eficaz do poder de Jesus Cristo (João Batista, por sua vez, não realizou milagre algum, mas suas palavras conduziram o povo a Jesus; ver Jo 10:40-42), isso só comprava que não precisamos fazer coisas miraculosa, e sim darmos testemunho e amarmos o próximo. Hoje, devemos andar “em novidade de vida” (Rm 6:4), pois fomos ressuscitados dentre os mortos (Ef 2:1-10; Cl 3:1 ss). Na verdade, a vida cristã deve manter o equilíbrio entre esses três elementos: adoração, serviço e testemunho.

Mas o fato de Lázaro ser um “milagre ambulante” colocou-o em uma situação de perigo. Os líderes judeus resolveram matar não apenas Jesus, mas também o próprio Lázaro! 

Jesus estava certo quando os chamou de filhos do diabo, pois eram, de fato, assassinos (Jo 8:42-44). Expulsaram o cego curado da sinagoga em lugar de permitir que desse testemunho de Cristo todo sábado e tentaram colocar Lázaro de volta em seu túmulo, pois estava estimulando o povo a crer em Cristo. Ao rejeitar evidências, é preciso livrar-se delas!

Essa noite tranquila e de comunhão, apesar da crueldade com que os discípulos trataram Maria – deve ter animado e fortalecido o coração de Jesus, de maneira especial, no momento em que estava prestes a encarar os compromissos da sua última semana antes da cruz. É bom examinar nosso coração e nosso lar e verificar se alegramos o coração de Jesus com nossa maneira de adorar, servir e testemunhar.

Jesus e os peregrinos da Páscoa - João 12:12-19

¹² No dia seguinte, a grande multidão que tinha ido à Festa da Páscoa ouviu dizer que Jesus estava chegando a Jerusalém.
¹³ Então eles pegaram ramos de palmeiras e saíram para se encontrar com ele, gritando:
— Hosana a Deus! Que Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor! Que Deus abençoe o Rei de Israel!
¹⁴ Jesus procurou um jumentinho e o montou, como dizem as Escrituras Sagradas:
¹⁵ “Povo de Jerusalém, não tenha medo!
Veja! Aí vem o seu Rei, montado num jumentinho!”
¹⁶ Naquela ocasião os discípulos não entenderam isso. Mas, depois de Jesus ter voltado para a presença gloriosa de Deus, eles lembraram que isso estava escrito a respeito dele e também que era isso o que tinha acontecido.
¹⁷ A multidão que estava com Jesus quando ele havia chamado Lázaro para fora do túmulo e o tinha ressuscitado espalhou a notícia do que tinha acontecido.
¹⁸ E o povo foi encontrar-se com Jesus, pois ficou sabendo que ele tinha feito esse milagre.
¹⁹ Então os fariseus disseram uns aos outros:
— Não estamos conseguindo nada! Vejam! Todos estão indo com ele!

Da tranquilidade de um jantar em Betânia, João muda a cena para a agitação e barulho de um cortejo na entrada de Jerusalém. Os quatro Evangelhos registram esse acontecimento, e convém comparar seus relatos. Essa foi a única “manifestação pública” que Jesus permitiu durante seu ministério aqui na
Terra. Seu propósito com isso era cumprir a profecia do Antigo Testamento “⁹ Alegre-se muito, povo de Sião! Moradores de Jerusalém, cantem de alegria,   pois o seu rei está chegando. Ele vem triunfante e vitorioso;   mas é humilde, e está montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta” Zacarias 9:9. O resultado foi uma crescente animosidade da parte dos líderes religiosos, culminando com a crucificação do Salvador. 

A multidão era constituída de três grupos distintos: 

  • (1) os visitantes de fora da Judéia (Jo 12:12, 18); 
  • (2) a população local que havia testemunhado a ressurreição de Lázaro (Jo 12:17); 
  • (3) os líderes religiosos, extremamente preocupados com o que Jesus poderia fazer durante as comemorações(Jo 12:19). 

A cada festa, o povo enchia-se de expectativas, e todos ficavam imaginando se Jesus estaria presente e o que faria. Tudo indicava que Jesus instigaria uma revolução e que se estabeleceria como Rei, mas esse não era seu plano. O que esse acontecimento representou para Jesus? Antes de tudo, foi parte de sua obediência à vontade do Pai. O profeta Zacarias (Zc 9:9) profetizou que o Messias entraria em Jerusalém dessa maneira, e Cristo cumpriu essa profecia. “Filha de Sião” é uma das designações da cidade de Jerusalém (Jr 4:31; Lm 2:4, 8, 10). Sem dúvida, Jesus anunciava abertamente para o povo que ele era, de fato, o Rei de Israel (Jo 1:49), o Messias prometido. Por certo, muitos dos peregrinos esperavam que aproveitasse a ocasião para derrotar os romanos e libertar a nação de Israel. O que essa manifestação representou para os romanos? O relato bíblico não diz qual foi a reação dos romanos, mas certamente observaram os acontecimentos daquele dia com grande atenção. Não era incomum os nacionalistas judeus tentarem instigar o povo durante a Páscoa, e talvez os romanos tenham considerado o cortejo de Jesus uma dessas manifestações patrióticas.   

Alguns soldados romanos devem ter sorrido ao ver a “Entrada Triunfal”, pois não parecia nem um pouco com as comemorações de triunfo em Roma. Sempre que um general romano era vitorioso em solo estrangeiro, matando pelo menos 5 mil soldados inimigos e conquistando território para o império, recebia uma comemoração de triunfo ao voltar para a cidade. Era um desfile de grande esplendor, durante o qual o general vitorioso poderia exibir os troféus conquistados dos líderes inimigos que havia capturado. O desfile terminava na arena, onde alguns dos cativos lutavam contra animais selvagens para entreter o povo. Comparado com esses desfiles triunfais romanos, a entrada de Jesus em Jerusalém não foi nada.

O que a “Entrada Triunfal” representou para o povo de Israel? 

Os peregrinos receberam Jesus espalhando seus mantos diante dele e agitando ramos enquanto ele passava, simbolizando paz e vitória (Ap 7:9). Citaram Salmos 118:26, um salmo messiânico, e o proclamaram “Rei de Israel”. Mas, enquanto faziam isso, Jesus chorava (Lc 19:37-44).

O nome Jerusalém significa “cidade de paz” ou “alicerce de paz“, e o povo esperava que Jesus lhe desse a paz de que precisava. Todavia, Jesus chorou por causa do que aconteceria a Israel: guerra, sofrimento, destruição e dispersão do povo. Quando Jesus nasceu, os anjos anunciaram “paz na terra” (Lc 2:13, 14); mas, em seu ministério, Jesus  anunciou “conflito na terra” (ver Lc 12:51ss).

É bastante sugestivo a multidão ter gritado “Paz no céu” (Lc 19:38), pois o céu é o único lugar onde há paz hoje! A nação desperdiçara suas oportunidades; seus líderes não reconheceram o tempo da visitação de Deus, mostrando-se ignorantes das próprias Escrituras. Quando Israel voltar a ver o Rei, será em circunstâncias bem diferentes (Ap 19:11ss). Virá em glória, não em humildade, e será acompanhado dos exércitos do céu. Será uma cena de vitória, pois virá para derrotar seus inimigos e estabelecer seu reinoAs Escrituras mostram repetidamente que não pode haver glória sem que esta seja precedida de sofrimento. Jesus sabia que precisava morrer na cruz antes de entrar na glória (Lc 24:26). Os teólogos judeus não tinham uma ideia clara do sofrimento do Messias e do reino glorioso anunciado pelos profetas. Alguns mestres acreditavam que haveria dois Messias: um que sofreria e outro que reinaria. Nem mesmo os próprios discípulos de Cristo sabiam exatamente o que aconteceria (ver Jo 11:16). 

Qual foi a reação dos líderes judeus à “Entrada Triunfal” de Jesus?

Ao observar a multidão reunir-se e honrar Jesus, os fariseus acreditaram que Jesus havia sido bem-sucedido. Esperavam algum tipo de insurreição durante a Páscoa; talvez, Jesus fizesse um grande milagre e conquistasse a mente e o coração do povo agitado. Não tinham conhecimento algum do que se passava na mente e no coração do Mestre! Não perceberam que Jesus os estava pressionando para que o Sinédrio tomasse uma providência durante a Páscoa. O Cordeiro de Deus deveria entregar sua vida quando os cordeiros pascais estivessem sendo abatidos. A declaração: “Eis aí vai o mundo após ele” (Jo 12:19) foi tanto um exagero quanto uma profecia. 

Na seção seguinte, encontramos alguns visitantes estrangeiros se encontrado com esses homens, mas sua mensagem em resposta ao pedido deles fala de verdades que todos nós precisamos ouvir. O tema central dessa mensagem é a glória de Deus (Jo 12:23, 28). Seria de se esperar que Jesus dissesse: “É chegada a hora do Filho de Deus de ser crucificado”. Mas Jesus olhou além da cruz e viu a glória que viria depois (ver Lc 24:26; Hb 12:2). Aliás, a glória de Deus é um tema importante dos capítulos restantes do Evangelho de João (ver Jo 13:31, 32; 14:13; 17:1, 4, 5, 22, 24). Jesus usou a imagem de uma semente para ilustrar a grande verdade espiritual de que não pode haver glória sem sofrimento, vida produtiva sem morte, vitória sem entrega. 

A semente, em si, é fraca e imprestável, mas quando é plantada, ela “morre” e se torna fecunda. A “morte” de uma semente traz beleza e abundância e cumpre seu propósito. Se uma semente pudesse falar, sem dúvida se queixaria de ser colocada na terra fria e escura. Mas só quando é plantada é que pode alcançar seu objetivo.

Os filhos de Deus são pequenos e insignificantes como sementes, mas trazem dentro de si a vida de Deus. Porém, essa vida não pode se consumar, a menos que nos entreguemos a Deus e deixemos que ele nos “plante”. É preciso morrer para si mesmo, afim de viver para Deus (Rm 6; Gl 2:20). A única maneira de ter uma vida produtiva é seguir a jesus Cristo em sua morte, sepultamento e ressurreição.

Com essas palavras, Jesus nos desafia hoje a entregar nossa vida a ele. É interessante observar o contraste entre solidão e fecundidade; perder a vida e manter a vida; servir a si mesmo ou servir a Cristo; agradar a si mesmo ou receber a honra de Deus.

Certa vez, li a respeito de alguns cristãos que foram visitar uma missão em um lugar remoto para ver como os missionários estavam passando. Ao ver a dedicada equipe trabalhando, ficaram impressionados com seu ministério, mas admitiram que ali faltava “civilização”.

– Com certeza vocês acabaram se enterrando neste lugar! – um dos visitantes exclamou.

– Não nos enterramos aqui – o missionário replicou. – Nós nos plantamos aqui.

Jesus sabia que o sofrimento e a morte estavam a sua espera, e sua natureza humana reagiu à perspectiva dessa provação. Sua alma angustiou-se não por estar questionando a vontade do Pai, mas por ter plena consciência de tudo o que a cruz envolvia. Devemos observar que Jesus não perguntou: O que farei?“, pois sabia o que deveria fazer. Antes, perguntou: “O que direi?“, pois na hora do sofrimento e da entrega, só há duas orações que podemos fazer: “Pai, salva-me!” ou “Pai, glorifica o teu nome!” Em um de meus programas de rádio fiz a seguinte afirmação: “O maior desejo de Deus não é nosso conforto, mas sim, nossa conformidade“. Mal o programa terminou, recebi um telefonema de um ouvinte anônimo. 

– Conformidade com o quê? – vociferou do outro lado da linha. 

– Você nunca leu Romanos 12:2: “não vos conformeis com este século“?

– Claro que já li Romanos 12:2 – respondi.

– E você, já leu Romanos 8:29? Deus nos predestinou “para [sermos] conformes à imagem de seu Filho”.

Depois de uma longa pausa (felizmente era ele quem estava pagando pela ligação), resmungou um “tem razão” e desligou. 

Conforto ou conformidade?, eis a questão. 

Se estamos em busca de uma vida confortável, faremos de tudo para proteger nossos planos e anseios, para salvar nossa vida e para nunca ser plantados. Mas, se entregarmos nossa vida e deixarmos que Deus nos plante, jamais estaremos sozinhos; antes, desfrutaremos a alegria de ser produtivos para a glória de Deus. “Se alguém me serve [judeu ou gentio], siga-me“. Trata-se de uma declaração equivalente a Mateus 10:39 e Marcos 8:36. A oração: “Pai, glorifica o teu nome!” recebeu uma resposta do céu! Deus o Pai falou ao Filho e lhe garantiu duas coisas: a vida e ministério do Filho no passado haviam glorificado o Pai, e o sofrimento e morte do Filho no futuro também o glorificariam. É bastante significativo que o Pai tenha falado ao Filho no começo do seu ministério (Mt 3:17), quando o Filho iniciou sua jornada rumo a Jerusalém (Mt 1 7:5), e agora, quando o Filho vivia os últimos dias antes da cruz. 

Deus sempre dá uma palavra de promessa para os que estão dispostos a sofrer por ele. O povo ouviu um ruído, mas não se deu conta de que era uma mensagem. De que adiantou a voz se pronunciar por causa do povo, se este não a entendeu? A voz transmitiu uma promessa a Jesus, prestes a morrer pelo povo. Nesse sentido, a voz pronunciouse por causa do povo. Ouviram Jesus orar e, em seguida, ouviram um estrondo do céu em resposta a essa oração. Isso deveria ter sido suficiente para convencê-los de que Jesus se comunicava com o Pai. Podemos traduzir João 12:30 por: “Essa voz se pronunciou mais por causa de vocês do que por minha causa“. Em seguida, Jesus falou claramente sobre a cruz. Era uma ocasião de julgamento para o mundo e para Satanás. A morte de Jesus Cristo daria a impressão de que o mundo perverso havia vencido, mas, na verdade, seria um julgamento deste mundo. Na cruz, Jesus derrotaria Satanás e seu sistema neste mundo (Gl 6:14). Apesar de ter permissão de ir e vir na Terra, Satanás é um inimigo derrotado. Enquanto servimos ao Senhor, conquistamos o maligno (Lc 10:17-19). Um dia, Satanás será expulso do céu (Ap 12:10) e, por fim, será julgado e lançado para sempre no lago de fogo, onde será prisioneiro (Ap 20:10).

Jesus já havia usado a expressão “ser levantado” em outras ocasiões (Jo 3:14; 8:28). Significa, basicamente, ser crucificado (ver Jo 12:33), mas também dá a idéia de ser glorificado. Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime” (Is 52:13).

Ao ser crucificado, o Filho do Homem foi glorificado! A declaração “atrairei todos para mim” não sugere a salvação universal. Antes, significa “todos sem distinção”, ou seja, judeus e gentios. Jesus não força ninguém a segui-lo, ele “atrai” (ver Jo 6:44, 45). Foi “levantado” para que todos encontrassem o caminho (Jo 12:32), conhecessem a verdade (Jo 8:28) e recebessem a vida (Jo 3:14). A cruz lembra que Deus ama o mundo inteiro e que cabe à Igreja levar o evangelho ao mundo todo. O povo não entendeu o que Jesus ensinava. Sabiam que “Filho do Homem” era um título messiânico, mas não conseguiam compreender por que o Messias seria crucificado! 

O Antigo Testamento não ensinava que o Messias viveria para sempre? (Ver SI 72:17; 89:36; 110:4; Is 9:7.) 

Mas aquele não era o momento de discutir detalhes teológicos. Era um momento de crise (ver Jo 12:31, em que o termo grego krisis (significa julgamento) e um tempo de oportunidade. A luz brilhava, e o povo deveria aproveitar essa oportunidade para ser salvo. Vimos essa imagem de luz e trevas em passagens anteriores deste Evangelho (Jo 1:4-9; 3:17-20; 8:12; 9:39-41). Com um simples passo de fé, essa gente poderia ter passado das trevas espirituais para a luz da salvação. No que se refere ao relato de João, essa mensagem marca o final do ministério público de Cristo. Jesus partiu de lá e se escondeu.

Sua ausência foi um julgamento sobre a nação que viu seus milagres, ouviu suas mensagens, examinou seu ministério e, no entanto, se recusou a crer no Salvador.

Aplicações

1. Reconhecimento de Jesus como Rei: As pessoas estendem tapetes e ramos de palmeira no caminho de Jesus, proclamando “Hosana! Bendito é o Rei de Israel que vem em nome do Senhor!” Isso nos lembra a importância de reconhecer Jesus como nosso Rei e Salvador, aquele que veio para nos salvar.

2. Cumprimento das Profecias: A entrada triunfal de Jesus cumpre as profecias do Antigo Testamento, como a profecia de Zacarias 9:9. Isso demonstra que Jesus é o Messias prometido nas Escrituras e que Deus cumpre Suas promessas.

3. A Humildade de Jesus: Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho, um símbolo de humildade, em vez de um cavalo de guerra. Isso nos ensina sobre a humildade e a modéstia, qualidades importantes para um seguidor de Cristo.

4. A Reação das Pessoas: As pessoas que testemunham a entrada de Jesus têm reações variadas. Alguns O recebem com alegria e entusiasmo, enquanto outros, incluindo os líderes religiosos, permanecem céticos ou hostis. Isso nos faz refletir sobre como respondemos a Jesus em nossas vidas.

5. A Natureza do Reino de Jesus: Jesus entra em Jerusalém como um Rei, mas Seu reino não é terreno; é espiritual. Ele veio para estabelecer o Reino de Deus em nossos corações e vidas. Isso nos desafia a buscar primeiro o Reino de Deus em nossa jornada espiritual.

6. Celebração e Louvor: A multidão celebra e louva a Jesus com alegria. Isso nos lembra a importância da adoração e do louvor a Deus em nossas vidas, reconhecendo a obra de Cristo em nossas vidas.

7. A Profunda Implicação da Páscoa: A entrada triunfal de Jesus ocorre pouco antes da Páscoa judaica, que simboliza a libertação do povo de Deus. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e Sua morte na cruz é a verdadeira libertação espiritual para todos.

Essas aplicações nos desafiam a reconhecer a realeza de Jesus, a humildade em seguir Seu exemplo, a importância da adoração e do louvor, e a compreender a profunda implicação da Páscoa em nossa fé. Também nos convidam a refletir sobre como respondemos a Jesus em nossas vidas e se O reconhecemos como o Messias e Rei.

Jesus e os visitantes Gentios - João 12:20-36

²⁰ Entre o povo que tinha ido a Jerusalém para tomar parte na festa, estavam alguns não judeus.

²¹ Eles foram falar com Filipe, que era da cidade de Betsaida, na Galileia, e pediram: — Senhor, queremos ver Jesus.

²² Filipe foi dizer isso a André, e os dois foram falar com Jesus.

²³ Então ele respondeu:  — Chegou a hora de ser revelada a natureza divina do Filho do Homem.

²⁴ Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se um grão de trigo não for jogado na terra e não morrer, ele continuará a ser apenas um grão. Mas, se morrer, dará muito trigo.

²⁵ Quem ama a sua vida não terá a vida verdadeira; mas quem não se apega à sua vida, neste mundo, ganhará para sempre a vida verdadeira.

²⁶ Quem quiser me servir siga-me; e, onde eu estiver, ali também estará esse meu servo. E o meu Pai honrará todos os que me servem.

²⁷ Jesus continuou:  — Agora estou sentindo uma grande aflição. O que é que vou dizer? Será que vou dizer: Pai, livra-me desta hora de sofrimento? Não! Pois foi para passar por esta hora que eu vim.

²⁸ Pai, revela a tua presença gloriosa!   Então do céu veio uma voz, que dizia:

  — Eu já a revelei e a revelarei de novo.

²⁹ A multidão que estava ali ouviu a voz e dizia que era um trovão. Outros afirmavam que um anjo tinha falado com Jesus.

³⁰ Mas ele disse:  — Não foi por minha causa que veio esta voz, mas por causa de vocês. ³¹ Chegou a hora de este mundo ser julgado, e aquele que manda nele será expulso. ³² E, quando eu for levantado da terra, atrairei todas as pessoas para mim. ³³ Ele dizia isso para indicar de que maneira ia morrer.

³⁴ A multidão perguntou:   — A nossa Lei diz que o Messias vai viver para sempre. Como é que o senhor diz que o Filho do Homem precisa ser levantado da terra? Quem é esse Filho do Homem? 

³⁵ Jesus respondeu:   — A luz estará com vocês ainda um pouco mais. Vivam a sua vida enquanto vocês têm esta luz, para que a escuridão não caia de repente sobre vocês. Quem anda na escuridão não sabe para onde vai. ³⁶ Enquanto vocês têm a luz, creiam na luz para que possam viver na luz. 

Depois de sua entrada em Jerusalém, Jesus purificou o templo pela segunda vez. Citou Isaías 56:7 e Jeremias 7:11, dizendo: “Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores” (Mc 11:17). 

Talvez os gregos tenham ouvido essas palavras e elas tenham lhes servido de ânimo. Um dos temas centrais de João é Jesus como o Salvador do mundo, não só como Redentor de Israel. É o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29). “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira” (Jo 3:16). Os samaritanos identificaram Jesus corretamente como “o Salvador do mundo” (Jo 4:42). Ele entregou sua vida pelo mundo e concedeu vida ao mundo (Jo 6:33). Ele é a Luz do mundo (Jo 8:12). A ênfase universal do Evangelho de João é bem clara. Jesus trará para junto de si as “outras ovelhas” (gentios) que se encontram fora do aprisco dos judeus (Jo 10:16; e ver 11:51, 52). O texto original indica que esses judeus “estavam acostumados a vir a Jerusalém e a adorar durante a festa“. 

Não eram apenas curiosos, visitando a cidade pela primeira vez para ver o que se passava. Sem dúvida, eram gentios que haviam abraçado o judaísmo e que frequentavam a sinagoga, buscando a verdade, mas que ainda não haviam se tornado prosélitos. Jesus foi visitado por gentios quando pequeno (Mt 2); agora o visitam no fim de sua vida. Esses homens pediram insistentemente (“rogaram”) a FILIPE que arranjasse para eles uma audiência particular com Jesus. Por fim, Filipe foi falar com André (que estava sempre apresentando pessoas a Cristo), e André transmitiu o pedido dos estrangeiros a Jesus.

Por certo, não eram poucos os que desejavam conversar a sós com Jesus, mas o povo em geral temia os fariseus (Jo 9:22). Uma vez que eram de outro país, esses visitantes gentios não sabiam do perigo ou não temiam as conseqüências. O desejo desses gentios de se encontrar com Jesus é admirável, pois os judeus diziam: “queremos ver de tua parte algum sinal” (Mt 12:38; 1 Co 1:22), mas esses homens disseram: “queremos ver Jesus” (Jo12:21). Não há registro de que Jesus tenha se encontrado com esses homens, mas sua mensagem em resposta ao pedido deles fala de verdades que todos nós precisamos ouvir.

O tema central dessa mensagem é a glória de Deus (Jo 12:23, 28). Seria de se esperar que Jesus dissesse: “É chegada a hora do Filho de Deus de ser crucificado“. Mas Jesus olhou além da cruz e viu a glória que viria depois (ver Lc 24:26; Hb 12:2). Aliás, a glória de Deus é um tema importante dos capítulos restantes do Evangelho de João (ver Jo 13:31, 32; 14:13; 17:1, 4, 5, 22, 24).

Jesus usou a imagem de uma semente para ilustrar a grande verdade espiritual de que não pode haver glória sem sofrimento, vida produtiva sem morte, vitória sem entrega.

A semente, em si, é fraca e imprestável, mas quando é plantada, ela “morre” e se torna fecunda. A “morte” de uma semente traz beleza e abundância e cumpre seu propósito. Se uma semente pudesse falar, sem dúvida se queixaria de ser colocada na terra fria e escura. Mas só quando é plantada é que pode alcançar seu objetivo. 

Os filhos de Deus são pequenos e insignificantes como sementes, mas trazem dentro de si a vida de Deus. Porém, essa vida não pode se consumar, a menos que nos entreguemos a Deus e deixemos que ele nos “plante”. É preciso morrer para si mesmo, a fim de viver para Deus (Rm 6; Gl 2:20). A única maneira de ter uma vida produtiva é seguir a jesus Cristo em sua morte, sepultamento e ressurreição.

Com essas palavras, Jesus nos desafia hoje a entregar nossa vida a ele. É interessante observar o contraste entre solidão e fecundidade; perder a vida e manter a vida; servir a si mesmo ou servir a Cristo; agradar a si mesmo ou receber a honra de Deus.

Certa vez, li a respeito de alguns cristãos que foram visitar uma missão em um lugar remoto para ver como os missionários estavam passando. Ao ver a dedicada equipe trabalhando, ficaram impressionados com seu ministério, mas admitiram que ali faltava “civilização”. 

– Com certeza vocês acabaram se enterrando neste lugar! – um dos visitantes exclamou. 

– Não nos enterramos aqui – o missionário replicou. 

– Nós nos plantamos aqui. 

Jesus sabia que o sofrimento e a morte estavam a sua espera, e sua natureza humana reagiu à perspectiva dessa provação. Sua alma angustiou-se não por estar questionando a vontade do Pai, mas por ter plena consciência de tudo o que a cruz envolvia.

Devemos observar que Jesus não perguntou: 

-“O que farei?”, pois sabia o que deveria fazer. Antes, perguntou: 

-“O que direi?”, pois na hora do sofrimento e da entrega, só há duas orações que podemos fazer: “Pai, salva-me!” ou “Pai, glorifica o teu nome!”

Em um de meus programas de rádio fiz a seguinte afirmação: “O maior desejo de Deus não é nosso conforto, mas sim, nossa conformidade”. Mal o programa terminou, recebi um telefonema de um ouvinte anônimo.

– Conformidade com o quê? – vociferou do outro lado da linha. – Você nunca leu Romanos 12:2: “não vos conformeis com este século”?

– Claro que já li Romanos 12:2 – respondi.

– E você, já leu Romanos 8:29? Deus nos predestinou “para [sermos] conformes à imagem de seu Filho”. Depois de uma longa pausa (felizmente era ele quem estava pagando pela ligação), resmungou um “tem razão” e desligou.

–Conforto ou conformidade?, eis a questão. 

Se estamos em busca de uma vida confortável, faremos de tudo para proteger nossos planos e anseios, para salvar nossa vida e para nunca ser plantados. Mas, se entregarmos nossa vida e deixarmos que Deus nos plante, jamais estaremos sozinhos; antes, desfrutaremos a alegria de ser produtivos para a glória de Deus. “Se alguém me serve judeu ou gentio], siga-me”. Trata-se de uma declaração equivalente a Mateus 10:39 e Marcos 8:36. A oração: “Pai, glorifica o teu nome!” recebeu uma resposta do céu! Deus o Pai falou ao Filho e lhe garantiu duas coisas: vida e ministério do Filho no passado haviam glorificado o Pai, e o sofrimento e morte do Filho no futuro também o glorificariam. É bastante significativo que o Pai tenha falado ao Filho no começo do seu ministério (Mt 3:1 7), quando o Filho iniciou sua jornada rumo a Jerusalém (Mt 1 7:5), e agora, quando o Filho vivia os últimos dias antes da cruz. Deus sempre dá uma palavra de promessa para os que estão dispostos a sofrer por ele.

O povo ouviu um ruído, mas não se deu conta de que era uma mensagem. De que adiantou a voz se pronunciar por causa do povo, se este não a entendeu? A voz transmitiu uma promessa a Jesus, prestes a morrer pelo povo. Nesse sentido, a voz pronunciou-se por causa do povo. Ouviram Jesus orar e, em seguida, ouviram um estrondo do céu em resposta a essa oração. Isso deveria ter sido suficiente para convencê-los de que Jesus se comunicava com o Pai. Podemos traduzir João 12:30 por: “Essa voz se pronunciou mais por causa de vocês do que por minha causa”. Em seguida, Jesus falou claramente sobre a cruz. Era uma ocasião de julgamento para o mundo e para Satanás. A morte de Jesus Cristo daria a impressão de que o mundo perverso havia vencido, mas, na verdade, seria um julgamento deste mundo. Na cruz, Jesus derrotaria Satanás e seu sistema neste mundo (Gl 6:14). Apesar de ter permissão de ir e vir na Terra, Satanás é um inimigo derrotado. Enquanto servimos ao Senhor, conquistamos o maligno (Lc 10:17-19). Um dia, Satanás será expulso do céu (Ap 12:10) e, por fim, será julgado e lançado para sempre no lago de fogo, onde será prisioneiro (Ap 20:10). Jesus já havia usado a expressão “ser levantado” em outras ocasiões (Jo 3:14; 8:28). Significa, basicamente, ser crucificado (ver Jo 12:33), mas também dá a ideia de ser glorificado. “Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime” (Is 52:13). 

Ao ser crucificado, o Filho do Homem foi glorificado! A declaração “atrairei todos para mim” não sugere a salvação universal. Antes, significa “todos sem distinção”, ou seja, judeus e gentios. Jesus não força ninguém a segui-lo, ele “atrai” (ver Jo 6:44, 45). Foi “levantado” para que todos encontrassem o caminho (Jo 12:32), conhecessem a verdade (Jo 8:28) e recebessem a vida (Jo 3:14). A cruz lembra que Deus ama o mundo inteiro e que cabe à Igreja levar o evangelho ao mundo todo. O povo não entendeu o que Jesus ensinava. Sabiam que “Filho do Homem” era um título messiânico, mas não conseguiam compreender por que o Messias seria crucificado! 

Afinal, o Antigo Testamento não ensinava que o Messias viveria para sempre? (Ver SI 72:17; 89:36; 110:4; Is 9:7.) Mas aquele não era o momento de discutir detalhes teológicos. Era um momento de crise (ver Jo 12:31, em que o termo grego krisis significa julgamento) e um tempo de oportunidade. A luz brilhava, e o povo deveria aproveitar essa oportunidade para ser salvo. Vimos essa imagem de luz e trevas em passagens anteriores deste Evangelho (Jo 1:4-9; 3:17-20; 8:12; 9:39-41). Com um simples passo de fé, essa gente poderia ter passado das trevas espirituais para a luz da salvação.

No que se refere ao relato de João, essa mensagem marca o final do ministério público de Cristo. Jesus partiu de lá e se escondeu. Sua ausência foi um julgamento sobre a nação que viu seus milagres, ouviu suas mensagens, examinou seu ministério e, no entanto, se recusou a crer no Salvador.

Aplicações

O texto de João 12:13-36 contém uma série de ensinamentos e eventos significativos na vida de Jesus. Aqui estão algumas aplicações que podem ser observadas neste trecho:

Versículos 13-19 – A Aceitação e Popularidade de Jesus: Assim como as pessoas saudaram Jesus com entusiasmo em Sua entrada triunfal, devemos reconhecê-Lo como nosso Salvador e Rei, dando-Lhe as boas-vindas em nossas vidas com alegria e gratidão.

Versículos 20-26 – A Morte e o Seguimento de Jesus: Jesus fala sobre o grão de trigo que morre para dar fruto. Isso nos ensina que, para encontrar vida eterna, devemos estar dispostos a sacrificar nossa vida egoísta e seguir Jesus de todo o coração.

Versículos 27-36 – A Luz e a Escuridão: Jesus é a luz do mundo, e devemos buscar Sua luz para guiar nossos caminhos. Devemos escolher a luz sobre as trevas espirituais e viver de acordo com os princípios do Evangelho.

Versículos 37-50 – A Rejeição e a Crença em Jesus: Este trecho destaca a triste realidade da rejeição de Jesus por parte de algumas pessoas, mesmo diante de Seus milagres e ensinamentos. Devemos examinar nossos próprios corações e garantir que não O rejeitemos, mas O aceitemos como nosso Salvador.

Essas aplicações nos desafiam a aceitar Jesus como nosso Salvador e Rei, a sacrificar nossa vida egoísta para segui-Lo, a buscar Sua luz em vez das trevas, a evitar a busca pela glória humana e a dar ouvidos à autoridade de Suas palavras em nossa jornada de fé. Também nos lembram da importância de não rejeitar Jesus, mas crer Nele como o Filho de Deus.

JESUS e os judeus incrédulos - João 12:37-50

“³⁷ Eles tinham visto Jesus fazer todos esses milagres, mas não criam nele, ³⁸ para que se cumprisse o que disse o profeta Isaías: “Senhor, quem creu na nossa mensagem? E quem viu que era o Senhor que estava agindo?”
³⁹ Não podiam CRER porque, como disse Isaías: ⁴⁰ “Deus cegou os olhos deles e fechou a mente deles, para que não vejam, e não entendam, e não se voltem para ele, e sejam curados por ele.”
⁴¹ Isaías disse isso porque viu a revelação da natureza divina de Jesus e falou a respeito dele. ⁴² No entanto, muitos líderes judeus CRERAM em Jesus (Nicodemos e José de Arimatéia), mas não falavam publicamente a favor dele para que os fariseus não os expulsassem da sinagoga. ⁴³ Eles gostavam mais de ser elogiados pelas pessoas do que de ser elogiados por Deus. 
 As palavras de Jesus julgam
⁴⁴ Jesus disse bem alto:
— Quem crê em mim crê não somente em mim, mas também naquele que me enviou.
⁴⁵ — Quem me vê, vê também aquele que me enviou.⁴⁶ Eu vim ao mundo como luz para que quem crê em mim não fique na escuridão.⁴⁷ Se alguém ouvir a minha mensagem e não a praticar, eu não o JULGO. Pois eu vim para salvar o mundo e não para JUGÁ-LO. ⁴⁸ Quem me rejeita e não aceita a minha mensagem já tem quem vai julgá-lo. As palavras que eu tenho dito serão o juiz dessa pessoa no último dia. ⁴⁹ — Eu não tenho falado em meu próprio nome, mas o Pai, que me enviou, é quem me ordena o que devo dizer e anunciar. ⁵⁰ E eu sei que o seu mandamento dá a vida eterna. O que eu digo é justamente aquilo que o Pai me mandou dizer.

A palavra-chave desta seção, usada oito vezes, é CRER. Primeiro, João explica a incredulidade do povo. Os israelitas não criam (Jo12:37,38, com uma citação de Is 53:1); não podiam crer (Jo 12:39); não deviam crer (Jo 12:40, 41, com uma citação de Is 6:9, 10). Apesar de todas as evidências claras que lhe foram apresentadas, a nação se recusou a crer. O “braço do SENHOR” lhe foi revelado com grande poder, no entanto fecharam os olhos para a verdade. Ouviram a mensagem (“pregação”), viram os milagres e ainda assim não creram.
Quando uma pessoa começa a resistir à luz, algo muda dentro de seu ser e, por fim, chega um momento em que lhe é impossível crer. Em sua justiça, Deus permite uma “cegueira” que cobre os olhos dos que não levam a verdade a sério (essa citação pode ser encontrada em vários lugares do Novo Testamento; ver Mt 13:14, 15; Mc 4:12; Lc 8:10; At 28:25-27; Rm 11:8). É algo extremamente sério tratar a verdade de Deus com leviandade, pois quem assim procede pode perder a oportunidade de ser salvo. “Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55:6). 

Alguns não creram e outros, apesar de crerem, não confessaram publicamente sua fé em Cristo (Jo 12:42, 43). A princípio, Nicodemos e José de Arimatéia faziam parte desse último grupo, mas por fim professaram Cristo abertamente (Jo 19:38ss). Havia inúmeros fariseus (At 15:5) e até mesmo sacerdotes na Igreja primitiva (At 6:7). A luta entre a glória de Deus e a exaltação dos homens continuava em andamento (Jo 12:25, 26). Os que eram expulsos da sinagoga pagavam um alto preço por sua fé (Jo 9:22), e os “cristãos secretos” desejavam aproveitar o que havia de melhor nos dois mundos. Veja o que João 5:44 diz a esse respeito. 

João 12:44-50 apresenta a última mensagem de Jesus antes de “se esconder” do povo. Mais uma vez, a ênfase é sobre a fé. Vários temas essenciais do Evangelho de João aparecem nessa mensagem: Deus enviou o Filho; ver o Filho significa ver o Pai; Jesus é a Luz do mundo; suas palavras são as palavras do próprio Deus; a fé em Cristo traz salvação; quem rejeita Cristo enfrentará o julgamento eterno. A própria Palavra de  Jesus julgará os que rejeitaram Cristo e sua mensagem!

É assustador pensar que, em seu julgamento, o pecador será confrontado com toda e qualquer parte das Escrituras que tenha lido ou ouvido. A própria Palavra rejeitada se torna-se seu juiz! Isso porque a Palavra escrita aponta para o Verbo Vivo, Jesus Cristo (Jo 1:14). Muitas pessoas rejeitam a Palavra simplesmente porque temem os homens (Jo 12:42, 43). Entre os que irão para o inferno estão os “covardes” (Ap 21:8). Melhor temer a Deus e ir para o céu do que temer os homens e ir para o inferno!

O termo JULGAR é repetido quatro vezes na conclusão da mensagem, e é uma palavra extremamente solene. Jesus não veio para julgar, mas sim para salvar (Jo 3:18; 8:15). Mas, se o pecador se recusar a crer no Salvador, então o Salvador deve se transformar

em Juiz. Na verdade, é o pecador quem determina o próprio julgamento. Ao estudar estes doze capítulos do Evangelho de João, vimos Jesus Cristo em sua vida, seu ministério, seus milagres, sua mensagem e em seu desejo de salvar os pecadores.

Depois de refletir sobre as evidências, você está convicto de que Jesus Cristo é, de fato, o Filho de Deus e Salvador do mundo?

Você já creu nele e recebeu a vida eterna? “Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz” (Jo 12:36).

Aplicações

Versículos 36-43 – A Busca por Glória Humana vs. Glória de Deus: Jesus fala sobre a diferença entre buscar a glória humana e a glória de Deus. Devemos lembrar que nossa busca principal deve ser agradar a Deus e não ganhar a aprovação dos homens.

Versículos 44-50 – A Autoridade das Palavras de Jesus: Jesus afirma que Suas palavras são as palavras do Pai. Devemos dar ouvidos a Seus ensinamentos e viver de acordo com eles, reconhecendo Sua autoridade sobre nossas vidas.

Jesus a Videira Verdadeira

João 15 – Relacionamentos e Responsabilidades

Neste trecho do Evangelho de João, Jesus está se aproximando de Sua crucificação e está dando instruções finais e consolo aos Seus discípulos: Pedro promete lealdade: Pedro expressa seu desejo de seguir Jesus até a…

João 13 e 14 – Vocês já conhecem o Pai?

Neste trecho do Evangelho de João, Jesus está se aproximando de Sua crucificação e está dando instruções finais e consolo aos Seus discípulos: Pedro promete lealdade: Pedro expressa seu desejo de seguir Jesus até a…
Jesus lava os pés dos discípulos

Capítulo João 13 – A despedida de Jesus

O Capítulo 13, nos desafia a praticar a humildade no serviço, aceitar o serviço de Cristo, seguir Seu exemplo, buscar purificação espiritual contínua e reconhecer Sua autoridade em nossas vidas. Também nos lembra da importância…

Capítulo João 12 – Entrada Triunfal

A Unção de Jesus por Maria e a Entrada Triunfal em Jerusalém. (1) os visitantes de fora da Judéia (Jo 12:12, 18); (2) a população local que havia testemunhado a ressurreição de Lázaro (Jo 12:17);…
Marta, Maria e Lázaro

Marta, Maria e Lázaro

Essas diferenças entre Marta e Maria também nos ensinam que a fé e a devoção podem se manifestar de várias maneiras. Algumas pessoas são naturalmente mais ativas e servem a Deus de maneira prática, enquanto…
Rescurreição de Lázaro

Capítulo 11 – O último Milagre – O último Inimigo

Jesus realiza um dos Seus milagres mais impressionantes, ressuscitando Lázaro dos mortos. Isso demonstra Seu poder sobre a morte e reforça Sua divindade. O capítulo também revela a crescente oposição dos líderes religiosos a Jesus…
A cura do cego de nascença

Capítulo 9 – Evangelho de João

Rerelata o milagre da cura de um homem cego de nascença por Jesus. Este capítulo enfatiza a capacidade de Jesus de trazer luz espiritual para aqueles que O reconhecem como o Messias, contrastando com a…

Encontros Semanais

Domingo 09:00h - Escola Bíblica Domical
Domingo 19:00 - Culto de Adoração
Quinta 19:30h - Estudo Bíblico
Sexta 12:30h - Corumbataí

Redes Sociais

Endereço

Rua 10 nº 3.721 esq. Avenida 54 

Vila Olinda – Rio Claro – SP

Localização