
Em três ocasiões ao longo de meu ministério, tive de pregar “mensagens de despedida” para igrejas onde havia pastoreado e posso garantir que não foi fácil. Talvez não tenha sido bem-sucedido, mas meu objetivo sempre foi preparar os membros dessas
igrejas para o futuro. Para isso, era preciso advertir e instruir. Convidariam outro pastor e entrariam numa nova fase de ministério, e meu desejo era que estivessem “com a casa em ordem”.
João 13 a 1 7 é a “mensagem de despedida” de Jesus para seus discípulos amados, culminando com sua oração intercessora por
eles e por nós. Outras mensagens de despedida nas Escrituras foram feitas por Moisés (Dt 31 – 33), Josué (Js 23 – 24) e Paulo (At
20). Jesus, porém, acrescentou uma aplicação prática de sua mensagem quando lavou os pés de seus discípulos. Foi uma lição que jamais esqueceriam.
Nesta passagem, vemos Jesus em quatro relacionamentos:
Em cada uma dessas seções do Evangelho de João, podemos descobrir uma mensagem especial, uma verdade espiritual para nos ajudar em nossa vida cristã.
“¹ Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. ² Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, ³ sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, ⁴ levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. ⁵ Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. ” João 13:1-5
Jesus havia entrado em Jerusalém no domingo e, na segunda-feira, havia purificado o templo. Terça-feira foi um dia de conflito, quando os líderes religiosos tentaram pegá-lo numa armadilha e conseguir provas para mandar prendê-lo. Esses acontecimentos encontram-se registrados em Mateus 21 a 25. É provável que quarta-feira tenha sido um dia de descanso, mas na quinta-feira, vemos Jesus e seus discípulos no cenáculo, preparando-se para observar a Páscoa.
João 13:1-3 enfatiza o que Jesus sabia, enquanto
João 13:4-5 enfatiza o que Jesus fez.
Jesus sabia que “era chegada a sua hora”. Mais do que qualquer evangelista, João ressaltou como Jesus viveu dentro de um “cronograma divino” e fez a vontade do Pai. Observe o desenvolvimento desse tema:
Do ponto de vista humano, significava sofrimento, mas do ponto de vista divino, significava glória. Em breve, Jesus deixaria este mundo e voltaria para o Pai que o havia enviado, pois seu trabalho aqui na Terra estava completo (Jo 17:4). O servo de Deus que está dentro da vontade de Deus é imortal até que tenha completado seu trabalho.
Ninguém poderia prender Jesus, muito menos matá-lo, até que fosse chegada sua hora. Jesus também sabia que seria traído por Judas. O discípulo traidor é mencionado oito vezes no Evangelho de João, mais do que em qualquer outro Evangelho. Satanás havia entrado em Judas (Lc 22:3) e lhe deu a inspiração necessária para iniciar o processo que terminaria com a prisão e a crucificação de Cristo. O verbo “pôr”, em João 13:2, significa, literalmente, “lançar” e traz à memória os dardos inflamados do maligno (Ef 6:16).
judas era um incrédulo {Jo 6:64-71) e, portanto, não tinha o “escudo da fé” para se defender dos ataques de Satanás. Por fim, Jesus sabia que o Pai havia lhe dado todas as coisas (Jo 13:3). Essa declaração é paralela a João 3:35 e também lembra Mateus 11:27. Mesmo em sua humilhação, Jesus possuía todas as coisas por meio do Pai. Era pobre e, no entanto, era rico. Pelo fato de Jesus saber quem era, de onde havia vindo, o que possuía e para onde estava indo, encontrava-se inteiramente no controle da situação. Como cristãos, sabemos que nascemos de Deus, que um dia vamos para junto de Deus e que, em Cristo, temos todas as coisas; assim, devemos ser capazes de seguir o exemplo de Cristo e de servir aos outros.
O que Jesus sabia contribuiu para determinar o que ele fez (Jo 13:4, 5). Os discípulos devem ter ficado estarrecidos quando viram o Mestre levantar-se da mesa onde ceavam, colocar de lado seu manto, envolver a cintura com uma toalha, tomar uma bacia de água e lavar os pés deles. Os servos judeus não lavavam os pés dos senhores; às vezes, os escravos gentios faziam esse serviço. Era uma tarefa humilhante, e Jesus a realizou. Um anfitrião ou anfitriã poderia lavar os pés de um convidado como sinal especial de afeição, mas não era uma prática comum.
Jesus sabia da existência de um espírito competitivo no coração de seus discípulos. Na verdade, poucos minutos depois, esses mesmos homens estariam discutindo entre si para saber qual dentre eles era o maior (Lc 22:24-30). Jesus lhes ensinou uma lição inesquecível sobre a humildade e, com seus gestos, repreendeu seu egoísmo e orgulho.
Quanto mais refletimos sobre essa cena, mais profunda ela se torna. Sem dúvida, é uma ilustração perfeita daquilo que Paulo escreveu anos depois em Filipenses 2:1-16.
É possível que Pedro tenha se lembrado desse acontecimento ao escrever sua primeira epístola instando seus leitores a “cingir-se todos de humildade” (1 Pe 5:5). Muitas vezes, confundimos “os humildes de espírito” (Mt 5:3) com os “pobres de espírito”, e a verdadeira humildade com timidez e inferioridade. Certa vez, pediram ao grande escritor inglês Samuel Johnson que reparasse um sermão para o funeral de uma menina. Disseram-lhe que a menina era gentil com pessoas inferiores a ela. Johnson respondeu que isso era louvável, mas que seria difícil determinar quem eram essas pessoas!
O Pai depositou todas as coisas nas mãos do Filho e, no entanto, Jesus pegou uma toalha e uma bacia! Sua humildade não vinha de sua pobreza, mas sim de sua riqueza. Era rico e, no entanto, se fez pobre (2 Co 8:9). De acordo com um provérbio malaio: “Quanto mais repleto de grãos é o cacho de arroz, mais ele se curva”.
É impressionante como o Evangelho de João revela a humildade de Jesus, mesmo quando exalta sua divindade: “O Filho nada pode fazer de si mesmo” (Jo 5:1 9, 30). “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade” (Jo 6:38). “O meu ensino não é meu” (Jo 7:16). “Eu não procuro a minha própria glória” (Jo 8:50). “A palavra que estais ouvindo não é minha” (Jo 14:24). Sua expressão suprema de humildade foi a morte na cruz.
Jesus era o Soberano, no entanto assumiu o lugar de servo. Tinha todas as coisas em suas mãos, no entanto pegou uma toalha. Era Senhor e Mestre, no entanto serviu aos seguidores. Alguém disse bem que humildade não é pensar em si mesmo como alguém inferior; antes, a verdadeira humildade é esquecer-se de si mesmo. A verdadeira humildade se desenvolve do nosso relacionamento com o Pai. Se nosso desejo é conhecer e fazer a vontade do Pai para que possamos glorificar seu nome, experimentaremos a alegria de seguir o exemplo de Cristo e de servir aos outros.
Como os discípulos naquela noite, precisamos encarecidamente de uma lição sobre a humildade. A Igreja está repleta do espírito secular de competitividade e de crítica, enquanto os cristãos discutem entre si para saber quem é o maior dentre eles. Crescemos em conhecimento, mas não em graça (ver 2 Pe 3:18). Nas palavras de Andrew Murray: “A humildade é o único solo em que a graça cria raízes. A falta de humildade explica todos os defeitos e faltas”.
Jesus serviu aos discípulos por causa de sua humildade e de seu amor. É interessante contrastar João 13:1 com 1:11 e 3:16, Jesus veio “para o que era seu [o mundo], e os seus [as pessoas] não o receberam“. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira.“
No cenáculo, Jesus ministrou em amor a seus discípulos, e eles receberam Cristo e suas instruções. O texto grego de João 13:1 diz: “Ele os amou ao extremo”.
1. Serviço Humilde: Jesus, o Filho de Deus, demonstrou humildade ao se curvar e lavar os pés de Seus discípulos. Isso nos ensina sobre a importância do serviço humilde e do amor ao próximo, independentemente de nossa posição ou status.
2. Exemplo de Liderança: Jesus, como líder espiritual, deu um exemplo poderoso de liderança por meio do serviço. Os líderes devem liderar com humildade, preocupando-se com as necessidades e bem-estar daqueles a quem lideram.
3. Limpeza Espiritual: O ato de lavar os pés também tem um significado espiritual. Jesus estava ensinando que, assim como os discípulos precisavam de limpeza física, todos nós precisamos de limpeza espiritual. Devemos buscar a purificação por meio do perdão e da renovação em Cristo.
4. Comunhão com Cristo: Este momento ocorreu durante a Última Ceia, quando Jesus instituiu a Santa Ceia. Isso nos lembra da importância da comunhão com Cristo e da participação na Ceia como um ato de lembrança de Seu sacrifício.
5. O Chamado ao Serviço Cristão: Jesus instruiu Seus discípulos a seguirem Seu exemplo de serviço. Da mesma forma, somos chamados a servir uns aos outros como demonstração de nosso amor por Cristo e pelos outros.
6. A Necessidade de Humildade: Jesus enfatizou a importância da humildade ao dizer que aquele que é limpo não precisa de purificação completa. Isso nos lembra que devemos manter uma atitude de humildade em nossa jornada espiritual.
7. Amar e Servir Uns aos Outros: A lavagem dos pés é um símbolo poderoso do amor e do serviço cristão. Devemos amar e servir uns aos outros como Cristo nos amou e nos serviu.
Este trecho nos desafia a vivermos uma vida de serviço, amor e humildade em nossa jornada cristã, lembrando-nos do exemplo de Jesus e de Seus ensinamentos. Além disso, nos chama a buscar a limpeza espiritual e a comunhão com Cristo por meio da Santa Ceia.
⁶ Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim?
⁷ Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois.
⁸ Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
⁹ Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.
¹⁰ Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
¹¹ Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos.
Pedro foi ficando cada vez mais apreensivo e confuso, enquanto observava Jesus lavar os pés dos seus amigos. Ao ler sobre a vida de Cristo nos Evangelhos, é impossível não notar que, em várias ocasiões, Pedro falou impulsivamente e por ignorância e precisou ser repreendido por Jesus. Opôs-se à ideia de Cristo se entregar na cruz (Mt 16:21-23) e tentou interferir nos acontecimentos na transfiguração (Mt 1 7:1-8). Declarou a fé dos discípulos (Jo 6:66-71) sem saber que um deles era um traidor.
O termo traduzido por “lavar”, em João 13:5, 6, 8, 12 e 14, é nipto e significa “lavar uma parte do corpo”. O termo traduzido por “banhar”, em João 13:10, por sua vez, é luo e quer dizer “lavar-se por inteiro”. Trata-se de uma distinção importante, pois Jesus estava tentando ensinar a seus discípulos a importância de andar em santidade.
Quando um pecador crê no Salvador, é “banhado por inteiro“, e seus pecados são lavados, removidos e esquecidos (ver 1 Co 6:9-11; Tt 3:3-7 e Ap 1:5). “Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre” (Hb 10:1 7). Todavia, à medida que o cristão caminha neste mundo, é fácil contaminar-se. Quando isso acontece, não precisa banhar-se por inteiro novamente, mas apenas lavar aquela impureza. Deus prometeu que, quando confessássemos nossos pecados, ele nos purificaria (1 Jo 1:9). Mas por que é tão importante “manter nossos pés limpos”? Se estamos contaminados, não é possível ter comunhão com o Senhor. “Se eu não te lavar, não tens parte comigo” (Jo 13:8). O termo traduzido por “parte” é meros e tem o sentido de “participação, uma porção de algo”. Quando Deus nos “lava por inteiro” na salvação, realiza nossa união com Cristo; uma vez estabelecido, esse relacionamento não pode ser alterado (o verbo lavar, em Jo 13:10, se encontra no tempo perfeito, mostrando que se trata de algo resolvido de uma vez por todas). Todavia, nossa comunhão com Cristo depende de nos mantermos “incontaminado[s] do mundo” (Tg 1:27). Quando permitimos que pecados não confessados permaneçam em nossa vida, colocamos obstáculos em nossa caminhada com Cristo; precisamos, então, que nossos pés sejam lavados.
Essa verdade fundamental da vida cristã é ilustrada de maneira muito bonita pelo sacerdócio do Antigo Testamento. Em sua consagração, o sacerdote era banhado por inteiro (Êx 29:4), um ritual realizado uma só vez. No entanto, era normal ele se contaminar enquanto exercia seu ministério diário, de modo que precisava lavar as mãos e os pés na bacia de bronze que ficava no átrio (Êx 30:18-21). Só então poderia entrar no santuário para cuidar das lâmpadas, comer o pão da proposição e queimar o incenso.
O Senhor nos purifica pelo sangue de Cristo, ou seja, por sua obra na cruz (1 Jo 1:5-10) e pela aplicação de sua Palavra em nossa vida (SI 119:9; Jo 1 5:3; Ef 5:25, 26). A “água da Palavra” pode manter nossa mente e nosso coração puros, de modo a evitarmos
a contaminação deste mundo. Mas, se pecarmos, temos um Advogado na glória, que ouve nossas orações de confissão e nos perdoa (1 Jo 2:1, 2).
Pedro não entendeu o que Jesus estava ensinando, mas, em vez de esperar por uma explicação, agiu impulsivamente e tentou dizer a Jesus o que fazer. A negativa, em João 13:8, é veemente. De acordo com o estudioso do grego Kenneth Wuest, a declaração de Pedro pode ser traduzida por: “De maneira alguma lavarás os meus pés, não, nunca“. Pedro falava sério! Mas descobriu que rejeitar esse gesto de Cristo significaria perder a comunhão com Ele, de modo que foi para o outro extremo e pediu um banho completo!
Podemos aprender uma lição importante com Pedro: não se deve questionar a vontade ou a obra do Senhor nem tentar mudá-la. Ele sabe o que faz. Pedro teve dificuldade em aceitar o ministério de Cristo a ele, pois ainda não estava preparado para ministrar a outros discípulos. É preciso ter humildade e graça para servir a outros, mas essas duas virtudes também são necessárias para permitir que outros ministrem a nós. É maravilhoso ver como um espírito submisso é capaz de dar e receber para a glória de Deus.
João teve o cuidado de ressaltar que Pedro e Judas tinham relacionamentos diferentes com Jesus. Por certo, Jesus lavou os pés de Judas! Mas de nada adiantou, pois Judas não havia sido banhado por inteiro.
Há quem ensine que Judas era um homem salvo que pecou e perdeu a salvação, mas não foi isso que Jesus disse. Jesus deixou bem claro que Judas jamais havia sido purificado de seus pecados e que era incrédulo (Jo 6:64-71).
Como é bom aprofundar nossa comunhão com o Senhor! O mais importante nesse processo é ser honestos com ele e conosco mesmos, mantendo os pés limpos.
1. Humildade no Serviço: Jesus, que era o Mestre e Senhor, demonstrou humildade ao se curvar para lavar os pés dos discípulos. Isso nos ensina sobre a importância da humildade no serviço, independentemente de nossa posição ou título.
2. Aceitar o Serviço de Cristo: Pedro inicialmente resistiu ao serviço de Jesus, mas Jesus explicou que aqueles que não permitissem que Ele os servisse não teriam parte com Ele. Devemos aprender a aceitar o serviço amoroso de Cristo em nossas vidas.
3. Seguir o Exemplo de Jesus: Jesus disse aos discípulos que Ele estava lhes dando um exemplo para que também pudessem servir uns aos outros. Devemos seguir o exemplo de Cristo e servir nossos irmãos e irmãs em amor.
4. Purificação Espiritual: Jesus explicou que aqueles que já foram lavados precisam apenas lavar os pés. Isso simboliza a necessidade de purificação contínua em nossas vidas, mesmo após termos recebido a salvação em Cristo.
5. Compreender os Significados Profundos: Jesus disse que os discípulos não entenderiam completamente o que Ele estava fazendo naquele momento, mas um dia entenderiam. Isso nos lembra que há muitas lições espirituais que podem não ser imediatamente compreendidas, mas que podemos aprender com o tempo e reflexão.
6. Servir com Amor e Gratidão: Assim como Jesus serviu Seus discípulos com amor, devemos servir uns aos outros com amor e gratidão. O serviço não deve ser feito por obrigação, mas com alegria e reconhecimento pelo amor de Cristo.
7. Reconhecer a Autoridade de Jesus: Jesus falou sobre Sua autoridade como Mestre e Senhor, e os discípulos reconheceram essa autoridade ao permitir que Ele os servisse. Devemos reconhecer a autoridade de Jesus em nossas vidas e submeter-nos a Ele com confiança.
8. Aprendizado Contínuo: Jesus encorajou os discípulos a entenderem o significado de Seu ato de lavar os pés. Devemos estar dispostos a aprender e crescer em nosso entendimento dos ensinamentos e ações de Cristo.
Em resumo, este trecho nos desafia a praticar a humildade no serviço, aceitar o serviço de Cristo, seguir Seu exemplo, buscar purificação espiritual contínua e reconhecer Sua autoridade em nossas vidas. Também nos lembra da importância de servir com amor e gratidão, mesmo quando não compreendemos completamente os propósitos de Deus.
“¹² Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz?
¹³ Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque EU O SOU.
¹⁴ Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.
¹⁵ Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
¹⁶ Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.
¹⁷ Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes. “
A chave desta passagem é João 13:17: “Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes”. A sequência é importante: humildade, santidade e, depois, felicidade.
Aristóteles definiu a felicidade como “boa fortuna aliada à virtude […] uma vida aprazível e segura”. Isso pode ser suficiente para um filósofo, mas não basta para um cristão! A felicidade é resultado de uma vida conduzida dentro da vontade de Deus.
Quando servirmos a outros humildemente, andarmos em seus caminhos de santidade e obedecermos a suas ordens, então desfrutaremos a verdadeira felicidade.
Jesus perguntou a seus discípulos se haviam entendido seu gesto, o que era pouco provável. Portanto, explicou: dera-lhes uma 3:1-35 lição sobre o serviço humilde, um exemplo a ser seguido. O mundo acredita que a felicidade é resultante de ser servidos por outros, mas experimentamos a verdadeira alegria quando servimos a outros em nome de Cristo. O mundo está sempre buscando a felicidade, mas isso é como perseguir o vento, pois nem uma coisa nem outra está a nosso alcance.
Jesus era seu Mestre, de modo que tinha todo o direito de ordenar que lhe servissem. Em vez disso, porém, foi ele quem lhes serviu! Deu-lhes um exemplo do verdadeiro ministério cristão. Em mais de uma ocasião ao longo dos três anos anteriores, ensinara-lhes lições sobre a humildade e o serviço, mas aqui lhes oferece uma demonstração prática. Talvez os discípulos se lembrassem da lição sobre a criança (Mt 18:1-6), ou de como Jesus repreendeu Tiago e João quando pediram tronos no céu (Mt 20:20-28). Aos poucos, tudo se encaixava.
O servo (escravo) não é maior que seu senhor; assim, se o senhor tornar-se um servo, o que é feito dos servos? Ficam no mesmo
nível que o senhor! Ao se tornar um servo, Jesus não nos empurrou para baixo: ele nos elevou! Dignificou o sacrifício e o serviço. E importante lembrar que os romanos não aceitavam a ideia de humildade, e os gregos desprezavam trabalhos braçais. Quando lavou os pés dos discípulos, Jesus combinou essas duas coisas.
O mundo pergunta: “Quantas pessoas trabalham para você?”, mas o Senhor quer saber: “Para quantas pessoas você trabalha?” Quando eu ministrava em uma conferência no Quênia, um cristão africano me falou de um provérbio de sua região: “O chefe deve ser o servo de todos”. Precisamos encarecidamente de líderes que sirvam e de servos que liderem. De acordo com G. K. Chesterton, um homem verdadeiramente grande é aquele que faz os outros se sentirem grandes, e foi isso o que Jesus fez com seus discípulos, ensinando-os a servir.
Todavia, não basta saber essa verdade; devemos colocá-la em prática. Tiago 1:22-27 deixa claro que as bênçãos são decorrentes
de fazer o que a Palavra diz, não apenas de ouvi-la. A última frase de Tiago 1:25 pode ser traduzida por: “esse homem será espiritualmente favorecido no que fizer“. O próprio estudo dessa passagem do Evangelho de João pode nos tocar emocionalmente ou nos esclarecer intelectualmente, mas não nos abençoará espiritualmente a menos que façamos o que Jesus ordenou. Essa é a única maneira de encontrar a felicidade duradoura.
É importante manter essas lições na ordem correta: humildade, santidade, felicidade. Sujeitar-se ao Pai, manter a vida pura e servir aos outros: essa é a fórmula de Deus para a verdadeira alegria espiritual.
1. O Exemplo de Jesus: Jesus declara que Ele lhes deu um exemplo a seguir, mostrando que os líderes devem ser servos. Isso nos lembra que o exemplo de Jesus é a base para nosso comportamento como cristãos e líderes.
2. Servir com Amor: Jesus enfatiza que eles devem servir uns aos outros da mesma forma que Ele os serviu. Isso ressalta a importância do serviço motivado pelo amor, não por obrigação.
3. A Importância da Humildade: Jesus menciona que ninguém é maior do que seu mestre. Isso nos ensina que a humildade é uma característica fundamental para os seguidores de Cristo. Não devemos nos considerar superiores aos outros, mas dispostos a servir com humildade.
4. Bênçãos no Serviço: Jesus diz que aqueles que praticam o serviço humilde serão bem-aventurados. Isso sugere que há bênçãos espirituais e contentamento na prática do serviço altruísta.
5. O Princípio do Serviço Cristão: Este trecho estabelece um princípio-chave do serviço cristão. Devemos estar dispostos a servir uns aos outros em amor, seguindo o exemplo de Jesus, e isso inclui não apenas atos de serviço óbvios, mas também atitudes de humildade e amor em nossas interações diárias.
6. Seguir o Mestre com Fidelidade: Ao chamar os discípulos para seguir Seu exemplo de serviço, Jesus também os desafia a serem fiéis seguidores e imitadores Dele em todas as áreas de suas vidas.
7. Testemunho ao Mundo: O serviço humilde e o amor entre os seguidores de Cristo servem como um poderoso testemunho ao mundo. Quando os cristãos demonstram amor e serviço uns aos outros, eles refletem a natureza de Cristo e atraem outros para o Evangelho.
8. Prática Contínua: O serviço cristão não é uma ação única, mas um estilo de vida contínuo. Devemos estar dispostos a servir e amar consistentemente, lembrando que cada oportunidade de serviço é uma oportunidade de imitar nosso Mestre.
Essas aplicações nos lembram da importância do serviço humilde e do amor entre os seguidores de Cristo como um testemunho impactante para o mundo. Devemos seguir o exemplo de Jesus, buscando servir uns aos outros com humildade e amor genuíno, mantendo a atitude de servo em nossas interações diárias.
¹⁸ — Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar. ¹⁹ Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU. ²⁰ Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou.
O traidor indicado
²¹ Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: — Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. ²² Então, os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia.
²³ Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem ele amava; ²⁴ a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere. ²⁵ Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe:
–Senhor, quem é?
²⁶ Respondeu Jesus:
— É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado.
Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.²⁷ E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus:
— O que pretendes fazer, faze-o depressa.
²⁸ Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu a que fim lhe dissera isto. ²⁹ Pois, como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa ou lhe ordenara que desse alguma coisa aos pobres. ³⁰ Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite.
O novo mandamento
³¹ Quando ele saiu, disse Jesus:
— Agora, foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele; ³² se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará nele mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente.³³ Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir.³⁴ Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.³⁵ Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.
³⁶ Perguntou-lhe Simão Pedro:
— Senhor, para onde vais?
Respondeu Jesus:
— Para onde vou, não me podes seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás.
³⁷ Replicou Pedro:
–Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida.
³⁸ Respondeu Jesus:
— Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes que me negues três vezes.
Uma sombra cobre a cena quando Jesus trata com Judas, o traidor. É importante observar que, em momento algum, Judas foi um cristão verdadeiro. Antes, foi um hipócrita que nunca creu em Jesus (Jo 6:64-71), que não foi banhado por inteiro (Jo 13:10, 11) e que não estava entre aqueles que o Pai havia escolhido para entregar ao Filho (Jo 13:18 e 17:12). Uma pessoa pode chegar muito perto da salvação e, ainda assim, se perder para sempre! Judas era o tesoureiro do grupo (Jo 12:6), e, sem dúvida, os outros discípulos o tinham em alta consideração.
Nesse momento, Jesus estava preocupado com duas coisas:
O texto que Jesus cita das Escrituras é o Salmo 41:9: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar“. Quando Davi escreveu esse salmo, é provável que estivesse se referindo a seu conselheiro Aitofel, que o traiu e colaborou com a rebelião de Absalão (ver 2 Sm 15 – 1 7). É bastante sugestivo que tanto Judas quanto Aitofel se enforcaram (2 Sm 17:23; Mt 27:3-10; At 1:18). Todavia, Judas não cometeu suicídio a fim de cumprir uma profecia bíblica, pois se esse fosse o caso, Deus seria o autor de seu pecado. Judas foi responsável por suas decisões, e estas, por sua vez, cumpriram a Palavra de Deus.
Jesus não desejava que a traição de Judas enfraquecesse a fé dos discípulos. Por isso, associou esse ato à Palavra de Deus: quando os discípulos vissem tudo isso se cumprir, sua fé seria fortalecida (ver Jo 8:28).
Judas havia sido desleal, mas Jesus esperava que fossem leais a ele e a sua causa. Afinal, era Deus o Filho, enviado por Deus Pai. Os discípulos eram representantes escolhidos por Cristo; receber esses servos de Deus era o mesmo que receber o Pai e o Filho. Que privilégio enorme ser embaixadores do Rei!
É impressionante que os outros que estavam à mesa com Jesus não sabiam que Judas era um incrédulo e traidor. Até o momento exato de sua traição, Judas foi protegido pelo Salvador a quem traiu. Se Jesus tivesse revelado claramente o que sabia sobre Judas, é provável que os outros discípulos tivessem se voltado contra o traidor. Isso compra que mesmo hoje, é impossível separarmos o joio do trigo.
Convém lembrar o que Pedro fez com Malco, quando os soldados foram prender Jesus! Jesus sabia, desde o princípio, o que Judas faria contra ele (Jo 6:64), mas de modo algum o forçou a isso. Judas teve acesso aos mesmos privilégios espirituais que os outros discípulos e, no entanto, não lhe adiantaram coisa alguma. O mesmo Sol que derrete o gelo endurece a argila. Apesar de tudo que Jesus havia dito sobre dinheiro e de todas as suas advertências sobre a cobiça, Judas continuou sendo ladrão e roubando da caixa dos discípulos. Apesar de todas as advertências de Jesus sobre a incredulidade, Judas persistiu em sua rejeição. Jesus chegou a lavar os pés de Judas! No entanto, seu coração endurecido não se quebrantou.
Jesus já havia falado de um traidor (Jo 6:70), mas os discípulos não deram atenção a suas palavras. Nesta passagem, quando fala claramente sobre o assunto, enquanto estão ao redor da mesa, os discípulos ficam perplexos. Pedro fez um sinal a João, o discípulo que estava mais próximo de Jesus à mesa, e pediu que descobrisse quem era o traidor.
Sem dúvida, nem todos os presentes ouviram a resposta de Jesus; estavam ocupados demais discutindo entre si quem poderia ser o traidor (Lc 22:23). Quando Jesus entregou o pão a Judas, os outros discípulos entenderam que se tratava de uma demonstração de amor e de consideração. Aliás, Judas estava assentado no lugar de honra, de modo que o gesto de Jesus foi interpretado nesse contexto: o Mestre estava honrando Judas de maneira especial. Não é de se admirar que, quando Judas partiu, os outros tenham começado a discutir qual dentre eles seria o maior (Lc 22:24-30).
Por certo, João ficou atônito com essa revelação, mas antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, Jesus já havia mandado Judas prosseguir com seu intento. Apesar de Satanás ter entrado em Judas, era Jesus quem estava no controle. Jesus viveu de acordo com o cronograma que o Pai havia determinado para ele, e seu desejo era cumprir o que estava escrito na Palavra. Visto que Judas era o tesoureiro, os discípulos concluíram, logicamente, que Jesus o havia enviado numa missão especial. Judas havia expressado um interesse hipócrita pelos pobres (Jo 12:4-6), de modo que talvez estivesse saindo para realizar alguma obra de caridade.
É importante lembrar que Judas agia deliberadamente. Já se encontrara com os líderes religiosos judeus e concordara em lhes entregar jesus, de tal maneira que não houvesse qualquer tumulto envolvendo o povo (Lc 21:37 – 22:6). Ouviu Jesus dizer: “mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” (Mt 26:24). Ainda assim, persistiu em sua incredulidade e traição. A frase curta de João: “E era noite” tem tremendo impacto, quando se considera que luz e trevas são imagens espirituais importantes em seu Evangelho. Jesus é a Luz do mundo (Jo 8:12), mas Judas rejeitou Jesus e saiu na escuridão; e, para Judas, ainda é noite! Os que fazem o mal odeiam a luz (Jo 3:18-21). Judas não deu ouvidos à advertência de Jesus em João 12:25, 26 – e os pecadores de hoje que continuam a imitá-lo terminarão no mesmo lugar que ele, a menos que se arrependam e creiam no Salvador.
No instante em que Judas saiu, o ambiente espaireceu, e Jesus começou a instruir os 3:1-35 discípulos e a prepará-los para sua crucificação e para sua volta ao céu. Foi depois de Judas ter se retirado que Jesus instituiu a Ceia do Senhor, algo do qual o traidor incrédulo certamente não poderia participar.
Judas saiu na noite, controlado por Satanás, o príncipe das trevas; mas Jesus ainda estava na luz, compartilhando o amor e a verdade com os discípulos amados. Um contraste e tanto! O próximo tema da passagem é a glória de Deus (Jo 13:31-35). Do ponto de vista humano, a morte de Cristo seria um ato infame, de sofrimento e humilhação indescritíveis; mas do ponto de vista divino, seria a revelação da glória de Deus. “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem” (Jo 12:23). João usa a designação “Filho do homem” doze vezes em seu Evangelho, sendo a última delas em João 13:31. De acordo com Daniel 7:13, trata-se de um título messiânico, e Jesus usou-o com essa conotação em algumas ocasiões (Mt 26:64).
Para Jesus, o que significava glorificar o Pai? Em sua oração ele diz: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 1 7:4). Esse é o modo de todos nós glorificarmos a Deus: realizando fielmente o trabalho que nos chama a fazer. No caso de Jesus, a vontade do Pai era que o Filho morresse pelos pecadores, ressuscitasse dentre os mortos e subisse ao céu. O Filho glorificou o Pai e o Pai glorificou o Filho (Jo 17:1, 5).
Chegaria o momento em que o Filho seria glorificado nesses discípulos (Jo 1 7:10), mas, por ora, não poderia segui-lo. Pedro disse a todos que seguiria Jesus até a morte (Lc 22:33), mas infelizmente acabou negando o Senhor três vezes. Jesus havia dito aos judeus, em duas ocasiões, que procurariam por ele e que não poderiam achá-lo nem segui-lo (Jo 7:33-36; 8:21-24). Para os judeus incrédulos, informou que seriam incapazes de encontrá-lo, mas não fez essa mesma declaração a seus discípulos.
Um dia, os discípulos que haviam crido nele seriam levados para junto dele (Jo 14:1-3) e também o veriam depois de sua ressurreição. Mas, durante seu sofrimento e morte, era importante que não tentassem segui-lo.
Já ouvi sermões eloquentes sobre o pecado de Pedro, que “seguia de longe” (Lc 22:54), enfatizando como deveria ter seguido Jesus mais de perto. A verdade é que, perto ou longe, Pedro não deveria estar seguindo Jesus! A declaração em João 13:33 comprova esse fato e, quando acrescentamos a isso Mateus 23:31 (uma citação de Zc 13:7) e as palavras de Jesus em João 18:8, as evidências são categóricas. Pedro desconsiderou esse aviso e se meteu em apuros.
A responsabilidade dos discípulos era amar uns aos outros como Cristo os amou. Certamente, precisariam desse amor nas próximas horas, quando seriam privados de seu Mestre e quando Pedro, seu valente porta-voz, falharia com Jesus e com eles. Na verdade, todos falhariam, e a única coisa que os manteria unidos seria seu amor por Cristo e uns pelos outros. No texto original, o termo amor é usado doze vezes em João 1 a 12, enquanto em João 13 a 21 aparece quarenta e quatro vezes! É uma palavra-chave na mensagem de despedida que Cristo transmitiu a seus discípulos, bem como a tônica da sua oração sacerdotal (Jo 17:26). O adjetivo “novo”, no versículo 34, não se refere a algo “cronologicamente novo”, pois desde o tempo do Antigo Testamento, o amor sempre foi importante para o povo de Deus (ver Lv 19:18). Antes, se refere a “algo inédito ou original“. É o oposto de “desgastado”. A morte de Cristo na cruz daria novo poder e significado ao amor (Jo 15:13). Com a vinda do Espírito Santo, o amor teria novo poder na vida dos discípulos.
Esta seção começa e termina com o amor: o amor de Jesus pelos seus (Jo 13:1) e o amor dos discípulos uns pelos outros. O amor é a prova irrefutável de que pertencemos a Jesus Cristo. Tertuliano (155-220 d.C.), um patriarca da Igreja, comentou que os pagãos diziam uns para os outros sobre os cristãos:
— “Já reparou como amam uns aos outros?”
De que modo manifestamos esse amor? Seguindo o exemplo de Jesus: entregando a vida pelos irmãos (1 Jo 3:16). E a melhor maneira de começar é lavando os pés uns dos outros em serviço sacrificial.
O texto de João 13:18-35 contém várias aplicações significativas sobre temas como traição, amor e identificação dos seguidores de Jesus. Aqui estão algumas aplicações que podem ser observadas neste trecho:
1. Conhecimento Antecipado da Traição: Jesus revela que um dos discípulos O trairá. Isso nos lembra que Jesus tinha conhecimento antecipado dos eventos futuros e ainda escolheu amar Judas, o traidor. A aplicação aqui é que devemos seguir o exemplo de Jesus ao amar até mesmo aqueles que podem nos trair ou magoar.
2. Mandamento do Amor: Jesus dá um novo mandamento aos discípulos, para que eles se amem uns aos outros assim como Ele os amou. A aplicação é que o amor mútuo entre os seguidores de Cristo é uma característica distintiva que deve ser visível para o mundo.
3. Identificação dos Seguidores de Jesus: Jesus diz que os discípulos serão conhecidos como Seus seguidores pelo amor que têm uns pelos outros. A aplicação é que o amor mútuo e o relacionamento cristão autêntico são a marca registrada do discipulado cristão.
4. O Exemplo de Jesus: Jesus, ao lavar os pés dos discípulos, deu-lhes um exemplo prático de amor e serviço. A aplicação é que devemos seguir o exemplo de Jesus, buscando servir uns aos outros com humildade e amor prático.
5. Unidade na Comunidade Cristã: O amor mútuo fortalece a unidade na comunidade cristã. A aplicação é que devemos trabalhar ativamente para preservar e fortalecer a unidade entre os crentes, evitando conflitos desnecessários e divisões.
6. Cumprir o Mandamento do Amor: Jesus enfatiza que cumprir o mandamento do amor é uma marca de verdadeiros discípulos. A aplicação é que devemos avaliar nossa vida à luz deste mandamento e buscar viver uma vida caracterizada pelo amor aos outros.
7. Testemunho ao Mundo: Jesus declara que o amor mútuo entre os discípulos será um testemunho ao mundo. A aplicação é que, quando os cristãos demonstram amor genuíno uns pelos outros, eles atraem outros para a fé cristã.
8. Perdão e Reconciliação: O amor envolve perdão e reconciliação. A aplicação é que devemos estar dispostos a perdoar uns aos outros e buscar a reconciliação em situações de conflito, mantendo o amor e a unidade.
9. Reflexão sobre Nossas Ações: Jesus insta os discípulos a refletirem sobre suas ações em relação a Ele e uns aos outros. A aplicação é que também devemos refletir sobre nossas ações, atitudes e relacionamentos à luz do amor e do mandamento de Jesus.
10. Valorizar e Cultivar o Amor Mútuo: O amor mútuo entre os discípulos é algo que deve ser valorizado e cultivado constantemente. Devemos investir na construção de relacionamentos saudáveis e amorosos na comunidade cristã.
Este trecho nos desafia a amar uns aos outros como Jesus nos amou, a buscar a unidade e a paz na comunidade cristã, a perdoar e a reconstruir relacionamentos, e a refletir sobre a maneira como vivemos à luz do mandamento do amor. O amor é uma característica distintiva do discipulado cristão e um testemunho poderoso ao mundo.