O sétimo capítulo do Evangelho de João descreve um momento crucial na vida de Jesus, quando Ele participa da Festa dos Tabernáculos em Jerusalém. Este evento revela importantes aspectos da missão de Jesus e da reação das pessoas ao Seu ministério.
“¹ Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galileia, porque não desejava percorrer a Judeia, visto que os judeus procuravam matá-lo. ² Ora, a festa dos judeus, chamada de Festa dos Tabernáculos, estava próxima”. João 7:1,2
João 7 apresenta três divisões cronológicas:
Comemorava a jornada de Israel pelo deserto e voltava os olhos do povo para o futuro, para o reino prometido do Messias. Durante essa festa, os judeus viviam em cabanas feitas de ramos de árvores para lembrar o cuidado providencial de Deus para com sua nação durante quase quarenta anos (Lv 23:33-44).
Celebrada na seqüência da Festa das Trombetas e do Dia da Expiação – uma observância solene – a Festa dos Tabernáculos era uma época festiva para o povo. A área do templo era iluminada por candelabros para lembrar a coluna de fogo que havia guiado o povo no deserto e, todos os dias, os sacerdotes tiravam água do tanque de Siloé e a derramavam de um cântaro, lembrando o povo da provisão miraculosa de água da rocha. A festa era um tempo de alegria para o povo, mas os dias de comemoração foram difíceis para Jesus, pois marcaram o começo de uma oposição aberta e intensa a sua Pessoa e a seu ministério. Desde a cura do paralítico no sábado, Jesus passou a ser alvo dos líderes judeus que desejavam matálo (Jo 7:1, 19, 20, 25, 30, 32, 44; e ver também 8:37, 40). Permaneceu na Galiléia, onde estava mais seguro, mas, a fim de observar devidamente a festa, teve de ir para Jerusalém.
Jesus estava na Galileia, evitando a Judeia porque os líderes judeus (fariseus e escribas) estavam conspirando para matá-Lo devido à Sua mensagem e milagres. A Festa dos Tabernáculos, ou Sucot, era uma das três principais festas judaicas, celebrada no sétimo mês setembro/outubro). Era um momento de lembrar a jornada dos israelitas pelo deserto após o êxodo do Egito.
“3. Ninguém que deseja ser conhecido publicamente age secretamente. Visto que estás fazendo essas coisas, mostra-te ao mundo”. 4. Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele. 5. Portanto, Jesus lhes disse: “O meu tempo ainda não chegou; para vocês, qualquer tempo é bom.”
Os irmãos de Jesus instigam que Ele vá à festa e mostre Seus milagres publicamente. No entanto, eles próprios não acreditavam Nele naquele momento.
Jesus responde que Seu tempo ainda não havia chegado, referindo-se ao plano divino e ao momento certo para Sua revelação pública.
6. O mundo não vos pode odiar, mas a mim me odeia, porquanto dele testifico que as suas obras são más. 7. Subam vocês à festa; eu não subo a esta festa, porque o meu tempo ainda não se cumpriu”. 8. E, tendo-lhes dito isso, permaneceu na Galileia.
Jesus reconhece a hostilidade que enfrentaria em Jerusalém, onde os líderes judeus O odiavam devido às Suas críticas à hipocrisia religiosa. Ele instrui Seus irmãos a irem à festa sem Ele, pois Seu tempo de revelação pública ainda não havia chegado, e permanece na Galileia.
9. Contudo, depois que os seus irmãos subiram à festa, então ele também subiu, não publicamente, mas em particular. 10. Durante a festa, os judeus o procuravam, perguntando: “Onde está ele?”
11. Entre a multidão havia muita conversa a seu respeito. Uns diziam: “Ele é um homem bom”. Outros contestavam: “Não, ele engana o povo.12. Mas ninguém falava abertamente a respeito dele, com medo dos líderes judeus. 13. Jesus, porém, embora tenha subido em particular, no meio da festa começou a ensinar.” João 7:1-13
Na festa, as opiniões sobre Jesus eram variadas. Alguns O consideravam um “homem bom”, enquanto outros O acusavam de enganar o povo. O medo dos líderes judeus levava as pessoas a não falarem abertamente sobre Ele. Apesar de Sua chegada discreta, Jesus começa a ensinar no meio da festa, desafiando as expectativas e provocando discussões.
João 7:1-13 descreve o dilema de Jesus ao decidir participar da Festa dos Tabernáculos, apesar das ameaças à Sua vida. Essa passagem também destaca a diversidade de opiniões sobre Ele entre o povo e o medo dos líderes religiosos. Jesus escolhe ensinar no meio da festa, preparando o terreno para discutir Sua identidade, missão e a mensagem que Ele traria. Esses versículos marcam o início de eventos significativos que ocorreriam durante essa festa e continuariam a moldar o ministério de Jesus.
Aplicações:
– Discernimento de Tempo: Jesus sabia o momento certo para agir. Devemos confiar que Deus tem o controle do tempo em nossas vidas.
– Confiança em Deus: Mesmo quando as circunstâncias parecem pressionar, Jesus confiou na direção de Deus.
– Enfrentando a Pressão Social: Jesus enfrentou a pressão de seus irmãos e das opiniões públicas. Às vezes, ser fiel a Deus pode significar ir contra as expectativas sociais.
Podemos observar a presença de três grupos envolvidos nessa discussão pública sobre Jesus. Primeiro, evidentemente, havia
os líderes judeus (“os judeus”), que viviam em Jerusalém e estavam ligados ao ministério no templo. Nesse grupo, se incluíam
os fariseus e os sacerdotes (a maioria dos quais eram saduceus), bem como os escribas. Apesar de suas divergências teológicas, esses homens concordavam em duas coisas:
Nicodemos e José de Arimatéia eram exceções (Jo 19:38-42). O segundo grupo era formado pelo “povo” (Jo 7:12, 20, 31, 32). Tratava-se da multidão que se dirigira a Jerusalém para comemorar a festa e adorar. Muitos deles não se deixaram influenciar pelas atitudes dos líderes religiosos.
Vemos em João 7:20 que “o povo” admirou-se de que alguém quisesse matar Jesus! Não estavam por dentro de todos os boatos que corriam pela cidade e tiveram de descobrir, da maneira mais difícil, que os líderes consideravam Jesus um transgressor
da Lei.
O terceiro grupo era constituído de judeus que viviam em Jerusalém (Jo 7:25). Estes, em sua maioria, tomaram o partido dos líderes religiosos. A discussão começou antes mesmo de Jesus chegar à cidade e girou em torno de seu caráter (Jo 7:11-13). Os líderes religiosos “o procuravam na festa”, enquanto o povo discutia se ele era um homem bom ou um charlatão. Tinha de ser uma coisa ou outra, pois um homem bom não enganaria ninguém. Sem dúvida, se Jesus não é o que afirma ser, então é um mentiroso.
Mas quando Jesus começou a ensinar abertamente no templo, a discussão passou a ser a respeito de sua doutrina (Jo 7:14-19).
E evidente que caráter e doutrina andam juntos. Seria absurdo crer nos ensinamentos de um mentiroso. Os judeus admiravam-se
com o que Jesus ensinava, pois o Mestre não possuía qualquer credencial das escolas rabínicas autorizadas. Porém, uma vez
que lhe faltavam as “devidas credenciais”, seus inimigos consideravam que seus ensinamentos não passavam de opiniões
próprias sem qualquer valor. Costuma-se dizer que Jesus ensinava com autoridade, enquanto os escribas e fariseus ensinavam
por meio das autoridades, citando todos os rabinos famosos.
“14. No meio da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. 15. Os judeus estavam admirados e diziam: “Como este homem conhece as Escrituras sem nunca tê-las estudado?” 16. Jesus lhes respondeu: “O meu ensino não é de mim mesmo. Vem daquele que me enviou. 17. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, conhecerá a respeito do meu ensino, se ele é de Deus ou se falo por mim mesmo. 18. Aquele que fala por si mesmo busca a sua própria glória, mas aquele que busca a glória de quem o enviou é verdadeiro, e nele não há injustiça.
19. Moisés não lhes deu a Lei? No entanto, nenhum de vocês obedece à Lei. Por que procuram matar-me?” 20. A multidão respondeu: “Você está endemoninhado! Quem procura matá-lo?” 21. Jesus lhes disse: “Realizei uma obra milagrosa, e todos vocês estão admirados. 22. Mas, por causa de Moisés, lhes dei a circuncisão, embora ela venha não de Moisés, mas dos patriarcas. E, no entanto, no sábado, vocês circuncidam um menino. 23. Se um menino pode ser circuncidado no sábado, para que a Lei de Moisés não seja quebrada, por que vocês ficam irados comigo porque curei um homem no sábado? 24. Parem de julgar apenas pela aparência, e façam um julgamento justo”. 25. Alguns de Jerusalém disseram: “Não é este aquele a quem procuram matar? 26. Contudo, ele aí está, falando em público, e não lhe dizem nada. Será que as autoridades reconheceram de fato que ele é o Cristo?
A primeira discussão foi com os judeus, mas os visitantes presentes na cidade também entraram no debate (Jo 7:20). Jesus
havia anunciado com toda ousadia que os líderes desejavam matá-lo por ele haver transgredido o sábado e afirmar ser o Filho de Deus (ver Jo 5:10-18). Os judeus ortodoxos transgrediam a lei do sábado quando circuncidavam seus filhos nesse dia, então por que Jesus não podia curar no sábado? “Por que procurais matar-me?” Fica claro que os visitantes não sabiam que seus líderes pretendiam matar Jesus, de modo que questionaram essa afirmação. No entanto, esse questionamento deu-se pela acusação extremamente séria de que Jesus estava endemoninhado. Não era uma acusação nova, pois os líderes a haviam feito antes (Mt 9:32ss; 10:25; 11:18, 19; 12:24ss).
Em seguida, os moradores de Jerusalém entraram na conversa (Jo 7:25). Sabiam que os líderes queriam matar Jesus e se admiraram de vê-lo pregando em público impunemente. Talvez os líderes tivessem se convencido de que ele era o Messias enviado por Deus! Então, por que não o adoravam e não orientavam outros a adorá-lo? Sua pergunta (Jo 7:25) sugeria uma resposta negativa: “Os líderes não acreditam que esse é o Cristo, não é?” Defendiam essa conclusão pela lógica:
27. Mas, quanto a este homem, sabemos de onde é; quando, porém, vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é”. 28. Portanto, Jesus, enquanto ensinava no templo, exclamou: “Vocês me conhecem e sabem de onde sou. Eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é verdadeiro. Vocês não o conhecem, 29. mas eu o conheço porque venho dele e fui por ele enviado”. 30. Então procuraram prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele, porque ainda não havia chegado a sua hora. 31. Muitos do povo creram nele e diziam: “Quando o Cristo vier, realizará mais sinais miraculosos do que este homem?” 32. Os fariseus ouviram que a multidão estava comentando essas coisas a respeito dele. Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus enviaram guardas para prendê-lo. 33. Jesus lhes disse: “Eu estou com vocês apenas por um pouco mais de tempo, e então voltarei para aquele que me enviou. 34. Vocês me procurarão, mas não me encontrarão; e onde eu estou, vocês não podem vir”. 35. Os judeus disseram uns aos outros: “Para onde ele pretende ir, a ponto de não o encontraram 25. Alguns de Jerusalém disseram: “Não é este aquele a quem procuram matar? 26. Contudo, ele aí está, falando em público, e não lhe dizem nada. Será que as autoridades reconheceram de fato que ele é o Cristo? 27. Mas, quanto a este homem, sabemos de onde é; quando, porém, vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele é”. 28. Portanto, Jesus, enquanto ensinava no templo, exclamou: “Vocês me conhecem e sabem de onde sou. Eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é verdadeiro. Vocês não o conhecem, 29. mas eu o conheço porque venho dele e fui por ele enviado”. 30. Então procuraram prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele, porque ainda não havia chegado a sua hora. 31. Muitos do povo creram nele e diziam: “Quando o Cristo vier, realizará mais sinais miraculosos do que este homem?” 32. Os fariseus ouviram que a multidão estava comentando essas coisas a respeito dele. Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus enviaram guardas para prendê-lo. 33. Jesus lhes disse: “Eu estou com vocês apenas por um pouco mais de tempo, e então voltarei para aquele que me enviou. 34. Vocês me procurarão, mas não me encontrarão; e onde eu estou, vocês não podem vir”. 35. Os judeus disseram uns aos outros: “Para onde ele pretende ir, a ponto de não o encontraram“
Mais uma vez, as pessoas não foram capazes de enxergar a verdade, pois haviam ficado cegas pelo que julgavam ser “fatosirrefutáveis”. Jesus havia se deparado com esse mesmo tipo de resistência na sinagoga em Cafarnaum (Jo 6:42ss). Até mesmo os mestres eruditos – os “construtores” tão competentes – não seriam capazes de identificar Jesus como a Pedra Angular, mesmo depois de passarem séculos estudando o “projeto arquitetônico” fornecido por Deus (At 4:11). Nesse ponto, Jesus levantou a voz para que todos ouvissem (ver também Jo 7:37). É provável que estivesse falando em tom de ironia: “Pois bem, vocês pensam que me conhecem e que sabem de onde eu vim! Na verdade, não fazem idéia!” Em seguida, explicou por que não conheciam: porque não conheciam o Pai! Para os judeus ortodoxos essa era uma acusação séria, pois se orgulhavam justamente de conhecer o Deus verdadeiro, o Deus de Israel. Mas Jesus não parou aí: declarou com grande audácia que não apenas conhecia o Pai, mas também fora enviado por ele! Com isso, dizia mais uma vez que era Deus! Não havia simplesmente nascido neste mundo como qualquer ser humano; fora enviado ao mundo pelo Pai. Isso significava que existia antes de a Terra se formar. Sem dúvida, esse foi um momento crítico de seu ministério, pois alguns dos líderes tentaram prendê-lo, mas “não era chegada a sua hora”. Muitos dos peregrinos creram nele. Essa fé se devia, em grande parte, a seus milagres, mas era um começo (ver Jo 2:23; 6:2, 26). A princípio, foram os milagres que despertaram o interesse de Nicodemos por Jesus (Jo 3:1, 2), mas, mais tarde, ele professou publicamente sua fé em Cristo. Os fariseus e sacerdotes que lideravam a religião judaica ressentiram-se ao ver que o povo cria em Jesus. Ao que parece, esses “cristãos” não tinham medo de dizer o que haviam feito (Jo 7:13, 32). Dessa vez, os líderes enviaram guardas do templo para prender Jesus, mas foi Jesus quem os “cativou”! Advertiu-os de que tinham apenas “um pouco de tempo” para ouvir a verdade, crer e ser salvos (ver Jo 12:35ss). Não era Jesus quem corria perigo, mas sim os que haviam sido enviados para prendê-lo! Como nas mensagens anteriores, o povo interpretou incorretamente suas palavras. Em seis meses, Jesus voltaria para o Pai no céu, e os judeus que não haviam sido salvos não poderiam segui-lo. Que contraste entre “também aonde eu estou, vós não podeis ir” (Jo 7:34) e “para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14:3)! Se esses homens tivessem se mostrado dispostos a fazer a vontade de Deus, teriam conhecido a verdade. Em breve, seria tarde demais.
Assim como Jesus enfrentou reações variadas a Seu ensino, devemos estar preparados para encontrar diversas respostas à mensagem do evangelho. Devemos perseverar em compartilhar a verdade, mesmo quando há oposição.
Aplicação: Assim como Jesus enfrentou reações variadas a Seu ensino, devemos estar preparados para encontrar diversas respostas à mensagem do evangelho. Devemos perseverar em compartilhar a verdade, mesmo quando há oposição.
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Jesus proclama que quem tem sede deve vir a Ele para beber da água viva. Ele se refere ao Espírito Santo que seria dado aos crentes após Sua ascensão.
A sede espiritual é uma realidade em nossas vidas. Devemos vir a Jesus e receber o Espírito Santo para encontrar satisfação e vida espiritual plena.
O sétimo dia encerrava a festa. Era o dia em que os sacerdotes marchavam sete vezes ao redor do altar entoando o Salmo 118:25 e, pela última vez, derramavam a água tirada do tanque de Siloé. É provável que, quando estava sendo derramada a água que simbolizava aquela que Moisés havia tirado da rocha, Jesus levantou-se e, em alta voz, fez seu convite aos pecadores sedentos.
Diz-se que, nesse mesmo “grande dia”, o vigésimo primeiro dia do sétimo mês, o profeta Ageu fez uma profecia especial sobre o templo (Ag 2:1-9). Apesar de seu cumprimento final aguardar a volta de Cristo à Terra, certamente ocorreu um prenuncio de seu cumprimento parcial quando Jesus foi ao templo. Ageu 2:6, 7 é citado em Hebreus 12:26-29 com relação à volta do Senhor.
Jesus referia-se à experiência de Israel relatada em Êxodo 1 7:1-7. Aquela água não passava de uma imagem do Espírito de Deus.Todos os que cressem não apenas beberiam da água viva, mas também se tornariam canais dessa água para o mundo sedento! O “poço artesiano” prometido em João 4:14 tornou-se um rio caudaloso! Apesar de não haver qualquer Escritura profética específica sobre “rios de água” fluindo daquele que crê, não faltam versículos paralelos a essa idéia: Isaías 12:3; 15; 32:2; 44:3 e 58:11; Zacarias 14:8. É interessante observar que Zacarias 14:16ss fala da futura Festa dos Tabernáculos, quando Cristo for Rei. A água para beber é um dos símbolos do Espírito Santo na Bíblia (a água para lavar é um dos símbolos da Palavra de Deus; ver Jo 1 5:3 e Ef 5:26). Assim como a água sacia a sede e produz fecundidade, também o Espírito de Deus sacia o ser interior e permite que dê frutos. Na festa, os judeus reconstituíam uma tradição que jamais poderia saciar o coração. Jesus ofereceu água viva e saciedade eterna!
“⁴⁰ Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta. ⁴¹ Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem, pois, o Cristo da Galiléia? ⁴² Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, da aldeia de onde era Davi? ⁴³ Assim entre o povo”
Qual foi o resultado dessa declaração e desse convite? O povo ficou dividido: alguns defenderam Jesus, outros quiseram prendêlo. “Ele é bom” ou “engana o povo”? (Jo 7:12). Ele é “o Cristo”? (Jo 7:31). É “o profeta” prometido? (Jo 7:40; Dt 18:1 5). Se ao menos tivessem examinado as evidências com sinceridade, teriam descoberto que ele era, de fato, o Cristo, o Filho de Deus. Associavam Jesus à Galiléia (Jo 1:45, 46; 7:52), quando na realidade havia nascido em Belém (ver Jo 6:42 para um raciocínio semelhante).
Os guardas do templo voltaram à reunião do conselho com as mãos vazias. Por certo, não seria difícil prender Jesus, mas ainda assim não o fizeram. O que os deteve? “Jamais alguém falou como este homem.” Em outras palavras: “Esse Jesus é mais do que um homem! Um homem qualquer não fala dessa maneira!” Foram “cativados” pela Palavra de Deus, proferida pelo Filho de Deus.
Mais uma vez, os líderes recusaram-se a encarar os fatos com honestidade, preferindo, em vez disso, julgar com base em seus preconceitos e em sua análise superficial dos fatos. É muito mais fácil rotular (e difamar) as pessoas do que ouvir os fatos que apresentam. “Quer dizer que alguns do povo crêem em Cristo? Grande coisa! Afinal, essa gente simplória não sabe coisa alguma acerca da lei! Por acaso pessoas importantes – como nós – creram nele? Claro que não!”
Essa mesma linha de argumentação voltou a ser usada quando os líderes tentaram desacreditar o testemunho do cego que Jesushavia curado (Jo 9:34). Não é de se admirar que os “intelectuais” da época se recusassem a crer em Jesus Cristo, ou que os líderes religiosos o rejeitassem. Deus escondeu sua verdade dos “sábios e instruídos” e a revelou aos “pequeninos” na fé, os que se entregam a ele humildemente (Mt 11:25-27). Quando Deus o salvou, Paulo era um rabino extremamente inteligente e, ainda assim, teve de ser “derrubado” antes de reconhecer que Jesus Cristo era o Filho ressurreto de Deus. Em 1 Coríntios 1:26-31, encontramos a explicação de Paulo para a dificuldade de ganhar “pessoas religiosas e inteligentes” para Cristo.
Por certo, os líderes teriam enviado os guardas de novo, caso Nicodemos não se houvesse pronunciado. Esse homem aparece três vezes no Evangelho de João e, em cada uma dessas ocasiões, é identificado como o que “de noite, foi ter com Jesus” (ver Jo 3:1, 2; 19:39). Sem dúvida, Nicodemos havia refletido e estudado muito desde sua primeira conversa com Jesus e não teve medo de defender a verdade. Na opinião de Nicodemos, o conselho não dava a Jesus a devida oportunidade de ser ouvido. Já o haviam condenado e buscavam prendê-lo antes mesmo de lhe dar a chance de um julgamento justo e legal!
Talvez Nicodemos tivesse em mente passagens das Escrituras como Êxodo 23:1 e Deuteronômio 1:16, 17; 19:15-21: Nicodemos esperava que considerassem as palavras e as obras de Jesus. Foi o caráter de Jesus como Mestre que chamou a atenção de Nicodemos (Jo 3:2). Na verdade, Jesus apontou para suas obras como prova de sua divindade (Jo 5:32); instou o povo repetidamente a atentar para suas palavras. As duas coisas andam juntas, pois os milagres apontam para a mensagem, enquantoa mensagem interpreta o significado espiritual dos milagres. Podemos ouvir o sarcasmo e o desprezo na resposta dos líderes: “Dar-se-á o caso que também tu és da Galiléia?” Recusaramse a admitir que Nicodemos estava certo ao pedir um julgamento justo, mas só o que puderam fazer foi ridicularizá-lo. Trata-se de uma antiga manobra polemista: na falta de argumentos, ataca-se o locutor. Desafiaram Nicodemos a examinar as profecias para ver se alguma delas dizia que um profeta viria da Galiléia. Claro que Jonas era da Galiléia, e Jesus disse que Jonas era um retrato do Messias em sua morte, sepultamento e ressurreição (Mt 12:38-41). Talvez Nicodemos tenha lido Isaías 9:1, 2 (ver Mt 4:12-16) e começado a relacionar as grandes profecias messiânicas do Antigo Testamento. Se ele o fez, se convenceu de que Jesus de Nazaré era, de fato, o Filho de Deus. Não é possível deixar de sentir pena das pessoas descritas neste capítulo, gente que reagiu da maneira errada ao que Jesus lhes ofereceu. Seus meios-irmãos reagiram com incredulidade; vários do povo discutiram sobre ele e acabaram divididos em suas opiniões. Se tivessem recebido a verdade prontamente e agido em obediência sincera, teriam se colocado aos pés de Jesus e confessado que ele é o Messias, o Filho de Deus.
Hoje, porém, as pessoas continuam a cometer o erro de deixar que seus preconceitos e avaliações superficiais as ceguempara a verdade. Não deixe que isso aconteça com você!
Aplicação:
A mensagem de Jesus frequentemente causa divisão. Devemos estar dispostos a defender a verdade, mesmo quando enfrentamos oposição. O exemplo de Nicodemos nos lembra da coragem em defesa da fé.